A mulher por cima: cordel pedagógico
Cordel Pedagógico
A MULHER POR CIMA
(Encenado por alunos no festival cultural do Projovem Urbano João Pessoa, PB, protestando a violência contra a mulher)
NARRADOR I
Fabiana e Aureliano
Começaram a namorar
E depois de quase um ano
Resolveram se casar
Passaram a lua de mel
Em um modesto lugar
NARRADOR II
No começo eram só flores
E eles foram morar
Num barraco invadido
Bem pertinho do Rio Cuiá
Aureliano, porteiro
E Fabiana do lar
NARRADOR III
Cada ano vinha um filho
E já nascia o terceiro
A despesa ia aumentando
Problemas no financeiro
E o casal sufocado
Foi ficando sem dinheiro
NARRADOR I
Foi aí que Fabiana
Resolveu ir trabalhar
Pra somar com o marido
E na despesa ajudar
Nos plantões de diarista
Trabalhava sem parar
NARRADOR II
Ainda tinha o terceiro turno
À noite em sua casa
Aureliano lhe disse:
VOZ MASCULINA - AURELIANO
“-Vou cortar as suas asas!
Mulher minha não trabalha
prefiro que fique em casa”
NARRADOR III
Começou a ser briguento
E vivia a reclamar
Encrenqueiro e ciumento
Começou a vigiar
Ele queria que a mulher
Fosse uma Amélia do lar
NARRADOR I
Fabiana era decência
E não panela de pressão
Foi perdendo a paciência
Sem agüentar a opressão
Chamamos tal VIOLÊNCIA
PSICOLÓGICA então
TESTEMUNHA II
Para evitar confusão
Toda noite com o marido
Resolveu investir mais
Num futuro garantido
Pensou logo nos estudos,
Na infância, interrompidos.
NARRADOR III
Sentiu a necessidade
De voltar a estudar
E chegando ao PROJOVEM
Viu sua vida transformar
E os ciúmes do marido
Só faziam aumentar.
NARRADOR I
Um dia toda arrumada
E com os livros na mão
Foi barrada bem na porta
Pelo marido machão:
VOZ MASCULINA - AURELIANO
“-Seu lugar é na cozinha
Ou eu lhe meto a mão!”
NARRADOR II
Fabiana agredida
Na presença das crianças
Nesse dia perdeu aula
Auto-estima e confiança
Com o olho todo inchado
Jogou fora a aliança.
NARRADOR III
Foi pra casa de um parente
E levou os três meninos.
VOZ MASCULINA - AURELIANO
“-Vá passar fome e volte!”
NARRADOR III
Disse o marido rindo
De forma cínica e cômica
Essa forma de violência
CHAMAMOS DE ECONÕMICA
NARRADOR I
Quando viu a mulher indo
e que perdia a autoridade
Aureliano foi partindo
Para cima com insanidade
Com socos e pontapés
Batia com perversidade
NARRADOR II
As crianças indefesas
Não sabiam o que fazer
De baixo de uma mesa,
se escondiam sem entender
Porque o papai e a mamãe
Só brigavam prá valer?
NARRADOR III
Essa forma de violência
Desprezível e antiética
Acontece na família
E é chamada de DOMÈSTICA
É uma forma de violência
Absurda e patética.
NARRADOR I
Uma vez violentada
A mulher sofre demais
Passa a vida magoada
Com vergonha e sem paz
Mas existe tratamento
Em condições especiais
NARRADOR II
São diferentes as formas
De violência, portanto
E conhecer seus direitos
é uma conquista e tanto
Tenha coragem e denuncie
Chega de medos e prantos
NARRADOR III
Sua vida foi mudando
E o tempo é professor
Feridas cicatrizando
E Fabiana um amor
Continuava estudando
Pra um futuro promissor
NARRADOR I
Como tudo tem um fim
Acreditem nessa história
Com coragem e decisão
Se alcança a vitória
E um dia Fabiana
Teve seu dia de glória
NARRADOR II
Trabalhou se esforçou
E criou bem seus meninos
Estudou e acreditou
Em mudar o seu destino
Nesse dia se arrumou
E vestiu um vestido fino
NARRADOR III
Era sua formatura
E Fabiana Diniz
Percebendo Aureliano
Empinou o próprio nariz
Aureliano a queria
Mas Fabiana não o quis
Repetiu Chico Buarque
Na canção que muito diz:
VOZ FEMININA - FABIANA
“-Quero ver como suporta
me ver assim tão FELIZ!”
NARRADOR I
E para acabar essa história
Aprenda como é que é
Mulher é zelo e carinho
Nunca bata numa mulher
E na agressão dos maridos
A gente mete a colher
NARRADOR II
A família é um bem maior
Que deve ser preservada
Diga não à violência
Não aceite essa empreitada
Violência causa dor
E no ser humano mulher
“Não se bate nem com flor”
TODOS:
Violência causa dor
E no ser humano mulher
“Não se bate nem com flor”