No país verde e amarelo...> mote em décimas de sete pés> Autor: Damião Metamorfose.

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Glosas de minha autoria desconheço o autor do mote.

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Se de um lado a seca mata,

Do outro a água destrói.

Oh!Meu Jesus como dói,

Ver o buraco na mata.

Casa sem teto e sapata,

Berços boiando na enchente.

O grito de um inocente,

Num lamento de flagelo.

No país verde e amarelo,

Tá preto pra muita gente.

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De um lado a bandidagem,

Mata inocente e ladrão.

Muitos sem ter opção,

Aceita viver a margem.

Na política a malandragem,

Trata o povo de demente.

Pobre aguenta a chapa quente,

O rico vive em castelo.

No país verde e amarelo,

Tá preto pra muita gente.

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Se você tem é roubado,

Se não tem é vagabundo.

Pra respirar um segundo,

Algum imposto é cobrado.

Sertanejo respeitado,

Vira um urbano indigente.

Se a policia passa o pente,

Só prende o pé de chinelo.

No país verde e amarelo,

Tá preto pra muita gente.

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Tem rico alteando o muro,

Para ter mais segurança.

Tirando férias na França,

Miame e Porto Seguro.

O pobre vive em apuro,

Sobrevive simplesmente.

Se tentar um passo a frente,

Sai o botão do chinelo.

No país verde e amarelo,

Tá preto pra muita gente.

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Se o governo federal,

Destina a verba ao nordeste.

Tem sempre um filho da peste,

Que desvia o principal.

E o resto do capital,

Quando chega ao mais carente.

O pai dégua simplesmente,

Diz: vote em mim que eu te zelo.

No país verde e amarelo,

Tá preto pra muita gente.

*

Acabou trabalho escravo?

Só se for na teoria.

Pode até ter alforria,

Mas só pra quem faz conchavo.

A arrogância e o seu travo,

Não tem ouvido que aguente.

O que tem alta patente,

Não dispensa o parabelo.

No país verde e amarelo,

Tá preto pra muita gente.

*

Rico mente rouba e mata,

O pobre só mata a fome.

O rico ostenta o seu nome,

As custa do ouro e prata.

Quando o pobre desacata,

O castigo é evidente.

O condenam friamente

E o juiz bate o martelo.

No país verde e amarelo,

Tá preto pra muita gente.

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Aquele que mais trabalha,

Sem descanso o dia inteiro.

Não ver a cor do dinheiro,

Só sente a dor da cangalha.

A matemática é sem falha,

Mas é falho o expoente.

Pois opera o excedente,

No mercado paralelo.

No país verde e amarelo,

Tá preto pra muita gente.

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 09/04/2010
Código do texto: T2187497
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