A AVÓ DO NOIVO E SUA BOLSA
Era julho de anos atrás
Primo Henrique ia casar
Com Lili moça mineira
Que no Ouro foi buscar.
Festa boa, boa comida
Dá saudade o alembrar
Muita gente reunida
Parentada a prosear.
Formou-se enorme fila
Todos de prato na mão
Fartura de boa comida
Tutu, frango e macarrão.
Cachaça, vinho e cerveja
Para o povo se fartar
Tudo servido à mesa
Aperitivo ou acompanhar.
Mineiro é gente farturenta
Fome ninguém há de passar
Completou a banquetança
Quitutes e doces a variar.
Doce de leite, figo e mamão
Foi o regime abandonado
A diabetes deram um não
Tias desse mal adoentado.
Após tanta comilança
Em várias casas do Ouro
Uns aqui e outros aculá
Na “siesta” cochilaram.
Toda gente descansada
Era noite em repertório
Deixaram a igreja lotada
Pro tão esperado casório.
Como manda o figurino
Todos com grande alegria
Olhando entrar a noiva
com o som da Ave Maria.
Sobe as bênçãos de Deus
E o sermão do sô Vigário
Trocando belas alianças
Noivo e noiva se beijaram.
Cumprimentados os noivos
Com muitos abraços e beijos
Ajuntamos toda parentada
Pois era findado os festejos.
Lotadando aquela Kombosa
Deixamos a terra do Ouro
Rumamos para Campo Belo
Depois de um dia festoso.
À porta do Zé de Melo
Pois alguns iam lá ficar
Houve um acontecimento
Para essa história coroar.
Sá Marta do Zeca Bitita
Avó do noivo e minha Tia
Deu por sua bolsa perdida
E arrumou uma gritaria.
Você pegou minha Zé?
Minha bolsa onde está?
Zé cadê minha Bolsa?
Me ajude a procurar!
E acometidos de boa vontade
“Terei no Ouro esquecido?”
Todos os tripulantes da perua
Empreenderam-se a ajudar
Mexe daqui, remexe dali
Agoniada insistia Tia Marta
“Cadê minha bolsa?”
Todos a Kombi reviravam...
Cadê minha bolsa?
Insistia Dona Marta
Já rota e sem graça
Dando-a por perdida.
E no meio do alvoroço
Muitos já dando risada
Cessou a Tia o desespero
Encontrando a “marvada”.
Debaixo de seu acento
Estava lá a sua dita bolsa
Agarrou-a com intento
E exclamou a aliviada:
“A minha eu já achei! ...”
Que isso Dona Marta!?
Outra não procurávamos
Por sua angustiava mostrada
Somente a sua caçávamos .
E no fim de tal presepada
Depois das fartas risadas
Na Kombi nos acomodamos
Querendo chegar para casa.