OS VÁRIOS TIPOS DE CORNO

CORDEL DOS CORNOS

Tem corno pra todo lado

Corno rico e corno pobre

Que sorri e nunca liga

Que chora, que nos comove

Corno manso e corno brabo

Que toma cachaça e sofre.

Corno Ateu e Corno Abelha

Corno Banana e Trucado

Corno Cego e Político

E o Corno Desconfiado

Corno Sem-Vergonha e Liso

Cururu e Conformado.

Corno Ateu é um coitado

Não acredita na ponta

Todos sabem qu’ele é corno

Todo mundo a ele conta

Mas ele só acredita

Se vê o urso na cama.

01

Há também o Corno Abelha

Vai pra rua fazer cera

E volta cheio de mé

Depois duma bebedeira

É um corno consolado

Pela cachaça matreira.

Corno Banana é aquele

Quando a mulher vai embora

Deixa uma penca de filhos

Quando ele sabe, ele chora

Chama a mulher de volta

E fica contando a história.

Corno trucado é aquele

Eu vou falar, não se espante

Leva gaia da mulher

E também de sua amante

Esse corno não tem sorte

Não passa de um errante.

02

Há também o Corno Cego

Que parece um bebê

A mulher bota-lhe gaia

Na frente e ele não vê

É um corno distraído

O qual só sabe sofrer.

Corno Político é

Um corno que não se assume

Promete matar o urso

Mas nunca a promessa cumpre

É corno conversador

Que da mulher tem ciúme.

O Corno Desconfiado

É um corno com reserva

Por isso fica calado

Mesmo assim ele se entrega

Quando alguém fala de corno

Ele muda de conversa.

03

Já o Corno Cururu

Causa-nos muita revolta

A mulher bota pra fora

Mas pra casa sempre volta

É corno desconsolado

Chamado de vai-e-volta.

Corno Xuxa é aquele

Corno metido a bonzinho

Que trata a mulher gaêra

Com muito amor e carinho

E não abandona o lar

Por amor a seus baixinhos.

O Corno Papai-noel

É um corno que espanta

Não abandona seu lar

Por amor pelas crianças

É um corno conformado

Que só sabe tomar cana.

04

Há o Corno Conformado

Sempre o último a saber

Quando sabe não acredita

Bebe para esquecer

Vive com sua mulher

Sem saber o que fazer.

Tem o Corno Fofoqueiro

Que a todos nós espanta

Leva gaia da mulher

E a todo mundo ele conta

E ainda acha é bom

Viver levando uma ponta.

Já o Corno Vingativo

É um corno exagerado

Leva gaia da mulher

Fica muito revoltado

Depois arruma um homem

Para viver a seu lado.

05

Corno Cuscuz leva gaia

E tenta abafar o caso

É um corno conformado

Que só vive embriagado

Que nunca deixa a mulher

Prefere ser corneado.

Há o Corno Cachaceiro

Que é metido a durão

Levar gaia e tomar cana

É a sua profissão

Se alguém diz que ele é corno

Ele vira um valentão.

Já o Corno Lagartixa

Ninguém nunca o respeita

É chifrudo, corneado

Todo mundo o rejeita

O povo diz: - Tu és corno?

Ele balança a cabeça.

06

Há o corno São Tomé

Que só acredita vendo

Pode todos lhe contar

Que ele fica só roendo

Não acredita na ponta

Mas vive se corroendo.

Já o corno pai-de-santo

É o corno da ralé

Tira sempre um caboclo

De cima de sua mulher

Mas continua com ela

Para o que der e vier.

O corno camaleão

É um corno de valor

Quando ele vê o urso

Muda de jeito e de cor

Porém quando chega em casa

Chama a mulher de amor.

07

Corno azarado é aquele

Que quando vai ao motel

Vê sua mulher saindo

Com outro em um corcel

Ou em um carro de luxo

Ou mulherzinha “fiel”.

Já o corno trio elétrico

É corno que se excedeu

Pois atrás da mulher dele

Só não vai quem já morreu

Quem é vivo sempre quer

Um pouquinho do que é seu.

Corno ioiô é aquele

Que causa muita revolta

Leva gaia da mulher

De casa, ele vai e volta

Nunca abandona seu lar

Parece galinha choca.

08

Existe o Corno maxixe

Tem ponta pra todo lado

É corno mal-humorado

Que só vive enfeitado

Mas prefere a mulher

Vivendo sempre a seu lado.

Já o Corno tesoureiro

É um corno endinheirado

Quando a mulher chega em casa

Ele vai para o seu lado

Contar com ela o dinheiro

Com as pontas, apurado.

Corno famoso é aquele

Que por onde ele passa

Todos dizem: - Lá vai ele

- Com a cabeça enfeitada

É um corno conhecido

Na rua, no bar, na praça.

09

Já o Corno Centopéia

Quando ele vê o urso

Fica logo chei de pernas

Todos dizem “seu chifrudo”

Ele sempre acha bom

Mas não fala, fica mudo.

Tem também Corno Cigano

Que é um corno invocado

Leva gaia da mulher

Muda de rua e bairro

Se perguntam de onde veio

Diz que veio de outro estado.

Corno 7 de setembro

Aquele que a mulher

Vive só dando bandeira

Nunca faz o que ele quer

Quando ele tá revoltado

Se dana pro cabaré.

10

Já o Corno Macumbeiro

Toda vez que Chega em casa

Tem que tirar um caboclo

De cima de sua amada

Pois ela vive doente

Por homens, enfeitiçada.

Um corno muito tranqüilo

É o Corno Geladeira

Leva chifre, não esquenta

Vive co’a mulher gaêra

Sempre leva a mulher

Pra festa e pra bebedeira.

Há o Corno sem-vergonha

Por um sapatão traído

Há o Corno Azulejo

Baixinho, quadrado e liso

E o corno amigável

Traído por um amigo.

11

Marido de uma adúltera

Galhudo, cervo, cornudo,

Um corno tem muitos nomes

Cabrão, galheiro, chifrudo,

Faz-de-conta, Zé Mané

Aspudo, mumu, guampudo.

Se um dia tu for corno

Não mate tua mulher

Se não tu vai pra cadeia

Fazer o que os presos quer

Vira corno, assassino

Preso e bicha da ralé.

Tomara que tu não seja

Se tu for que tu não saiba

Se souber, não acredite

Para não morrer de raiva

Se acreditar, se conforme

E vê se aos outros não fala.

12

Carlinhos Cordel
Enviado por Carlinhos Cordel em 28/03/2010
Reeditado em 05/02/2015
Código do texto: T2164705
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