Cordel do plagiador

Cordel do Plagiador

Jorge Linhaça

Dizem que a inveja mata

Mata de raiva, talvez

E é tanta a desfaçatez

Que há quem tudo copia

E quem de sites plagia

Fingindo ter honradez

Levando os outros no tapa

É tanto o conhecimento

Do control c / control v

Que para aquele que lê

Assim meio distraido

Passa até despercebido

( ou finge até que não vê)

O furto do ciumento

Se acham enciclopédias

Dizem de tudo saber

Ser mestres no escrever

Mas se formos pesquisar

Iremos logo encontrar

O que de seu dizem ser

Postado na Wikpédia

Não citam fontes do texto

Usar as aspas? Pra que?

E inda vem com o trelelê

De ter vasta biblioteca

Fazem todos de patetas

Fingem ser monges, ascetas

Para tudo tem pretexto

E ai de quem os conteste

Buscando orientar

Para o vício evitar.

É logo bombardeado

Com letras grandes, grifado:

Não venha me atormentar!

Pois sou um cabra da peste.

Tenho nome conhecido

Prove de onde colei

E as fontes não citei

E a gente vai e mostra.

Para ele? Grande bosta!

O que ele pensa não sei

Mas faz-se de perseguido

Chega a criar outro nome

Pra colocar comentários

Acha que somos otários

E que nada percebemos

Deletamos o que lemos

Mas lá vai o pobre hilário

Re-postar a sua fome.

Pobres almas exauridas

Sem luz própria e sombrias

Imersas em mil fobias

De serem desmascarados

E verem o seu reinado

A ruir em poucos dias

Pelas luzes emitidas

Confesso não entender

Esse agir equivocado

Talvez busquem um agrado

Para afagar o seu ego

Da verdade já tão cego

Que com a luz confrontado

Os fatos não pode ver

Sinto pena, muita pena

Nem raiva posso sentir

Por vezes pego-me a rir

De tão tolos argumentos

Balões cheios de vento

Que usam pra não admitir

Que su' alma é pequena.

Não sou dono da verdade

Mas o que escrevo é meu

Uso o dom que Deus me deu

Pra contar em prosa e verso

As cores d'um universo

Que pode não ser o teu

Mas que não tem falsidade

Fica aqui o meu abraço

Num gesto vero de paz

Pois a mim não me compraz

Tanta luta pela ética

Em meio a gente tão cética

Que ainda é capaz

De mandar-me pro espaço