MUDANÇAS DO TEMPO DO RONCA PRU MUNDO DE HOJE EM DIA
Do mundo de antigamente
Pru mundo de hoje em dia
A diferença é grande
Veja quanta ousadia
Preste atenção, meu amigo
Na minha filosofia.
Caneta virou teclado
Long play virou CD
O CD, MP3
Chico sumiu da TV
Agora a fita de vídeo
Chamamu de DVD.
A maconha é calmante
A tristeza é depressão
Macarrão, Miojo pronto
A paquera é pegação
Inté mermo a gafieira
Virou dança de salão.
01
A chita virou viscose.
A tanga, fio dentá
Purpurina virou gliter
O namoro é virtuá
E o fio dentá virou
Anti-séptico bucá.
Inté 'Problema de moça'
Agora é TPM
Ping-Pong é Babaloo
Confete é MM
Também tem banda de musga
Chamada RPM.
O break virou street
Cantada virou torpedo
O samba virou pagode
E do 'não' não se tem medo
Halloween agora é
O folclore brasileiro.
02
Corpete é porta-seios
Que virou o sutião
Que virou um tade lib
Veja só que danação
Agora já é silicon
Qu’é a moda da nação.
Inté forró de sanfona
Virô forró eletrônico
Com letras feia demais
Munta gente reclamando
Veja só, fortificante
Não é mais o Biotônico.
Bicicleta virou Bis
A Baby se converteu
Raul, Renato e Cazuza
São anjos pertos de Deus
A Gal Costa virou fênix
Michael Jackson já morreu.
03
Piruca virou aplique,
Interlace ou megahair,
Ou então alongamento
Maria virou Zezé
Escova virou chapinha
O gorro virou boné.
O rouge virou o blush
Quem podia imaginá?
José virou Margarida
Só pra dá o que falá
Os filhos que eram seis
Só há um pra reclamá.
É, meu caro amigo,
As coisa tá munto mudada
Home virando mulé
Ninguém entende mais nada
O quêra bom fico rim
Eita! locura danada.
04
Lennon e Elvis já partiram
Cássia Elen foi também
Elis é Maria Rita
Ressuscitada do além
Quem morreu só toca lira
Perto de Jesus, amém!
A bala antes chupada
Agora é bala perdida
A AIDS virou a gripe
Violência coisa maldita!
A droga virou calmante
Faz parte da nossa vida.
Inté o pó-de-arroz
Viro um tá pó-compacto
Viado agora é gay
Que troca-troca danado
Brilhantina virou musse
Piano virou teclado.
05
O brilho virou o gloss
A Lycra virou stretch
Já uma crise nervosa
É chamada de estresse
Praça virou shopping center
A-la-carte é self-service.
O rímel de antigamente
Virou máscara incolor
O tustão virou centavo
A vida não tem valor
A carta virou e-mail
Só Love é fazer amor.
A máquina de tirar foto
Agora é digital
O conto de antigamente
Se transformou no real
O aquecimento da Terra
Virou problema global.
06
A máquina de escrever
É algo aposentado
Álbum de fotografia
Por e-mail é mostrado
Até pra fazer as compra
Computador é usado.
Os folhetins de jornal
Viraram nossas novelas
Fauna e flora tão sumindo
Isso é uma mazela
Lobato virou Coelho
Mudando a clientela.
Fechicler agora é zíper
Lambreta, motocicleta
Mulher virou melancia
Corredor virou atleta
Mensagem virou orkut
Mudança que nos afeta.
07
O professor bom, amigo
Virô facilitador
Os bons costumes viraram
Coisa feia, sem valor
A guerra venceu a paz
E só nos traz o horror.
Já o carnaval de rua
Virou a Sapucaí
Halteres viraram bombas
Fofoca é tititi
Já houve muita mudança
Outras virão por aí.
Essas mudança eu num quero
Prumode que sô matuto
Nasci lá no pé da serra
Sô ignorante e bruto
Prefiro as coisa passada
Por elas eu morro e luto.
Baseado no texto: MUDANÇAS de Luiz Fernando Veríssimo.
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