A LENDA DO GUARANÁ

No ambiente tribal

Dos Maués, tinha um casal

Com desejo especial

De possuir um herdeiro.

Deus Tupã foi invocado,

Dele foi solicitado

Que pudesse gerado

O seu futuro guerreiro.

Vendo neles a bondade,

A citada divindade

Atendeu sua vontade,

Nascendo lindo menino.

Cresceu bom, com alegria,

Saudável, tinha energia,

Todo mundo nele via

Grande chefe por destino.

Deus do Mal, Jurupari,

Com inveja do guri,

Quis tirar ele dali,

Maldade foi concebida.

Disfarçou-se de serpente,

Na floresta, de repente,

Emboscou o inocente

E tirou a sua vida.

Já chegava a escuridão,

Cheios de preocupação

E aperto no coração,

Os pais e a tribo inteira

Buscavam com esperança.

A verdade vem qual lança,

Ante o corpo da criança,

Foi geral a choradeira.

Vieram nesse momento,

Clareando o firmamento,

Raios e trovejamento

Numa grande intensidade.

Assustava aquela imagem,

A mãe fala, na passagem,

É Tupã! Manda mensagem

Por meio da tempestade.

Para a aldeia ser feliz

Precisamos, ela diz,

Os olhos do meu petiz

Aqui no solo enterrar.

Fazendo dessa maneira,

Segundo Tupã requeira,

Brotará uma fruteira,

Com certeza, no lugar.

'Plantados' naquele chão,

Os olhos do garotão,

Depois da germinação,

Fizeram surgir por lá

A planta tão afamada

Com semente assemelhada

Ao globo ocular, moçada:

Nosso belo guaraná.