Heriberto Coelho, o homem do sonho de papel
A folhinha marca o dia 14 de março como a data em que se homenageia o vendedor de livros. Como apaixonado e fazedor de livros, quero aqui destacar esse camarada que é tão importante para a literatura, o vendedor de livros. O cara que vende livros tem paixão pelo objeto que vende. Geralmente é também um escritor ou grande leitor.
Dois vendedores de livros são exemplos marcantes de pessoas que se dedicam a vida toda a este que não é apenas um comércio. Além do interesse empresarial e financeiro, que no caso de alguns nem mesmo existe, tem o amor pelo livro, a sensibilidade no trato com a obra, o autor e o leitor. Destaco dois paraibanos: um que vive no Recife, nascido em Campina Grande, chamado Edson Guedes de Morais, hoje com 75 anos de idade. Mexe com arquitetura, pintura, cinema e teatro. Fabrica livros artesanais. Quando lê um poeta e gosta de seus poemas, prepara em casa uma edição especial dos poemas preferidos, ilustra, edita, imprime e manda cópias do novo livro para o autor, como presente. Seu prazer é editar por prazer.
O outro é vendedor mesmo, de livros usados. Tem uma biblioteca com mais de cem mil exemplares, chamada Sebo Cultural. Chama-se Heriberto Coelho, uma espécie de Rei Midas do comércio do sebo, um homem com faro empresarial bastante para ganhar a vida vendendo livros velhos numa cidade onde as pessoas não leem. Começou em uma pequena sala e hoje é dono de um dos maiores sebos do país.
Em louvor ao biblíaco Heriberto Coelho, ando escrevendo um cordel para o nobre vendedor de livros distribuir com sua clientela como brinde de fim de ano. Eis algumas estrofes:
Dia 14 de março
É o dia consagrado
Aos vendedores de livros
Esse produto arretado
Que encerra conhecimento
De magia bem dotado.
É o vendedor de livros
Mercador especial
Que vende conhecimento
Matéria primordial
Na formação das pessoas
Com cultura universal.
Esse mágico objeto
Nos oferece prazer
Cultura, discernimento,
Conhecimento e lazer
Interpretando o mundo
Conforme podemos ver
Desde a antiguidade
Nos antigos manuscritos
De papiro ou pergaminho
Volumes muito bonitos
Se preservava a ciência
Dos humanos gabaritos.
Os chineses geniais
Foram nisso pioneiros
Na arte de imprimir
Usando tipos grosseiros
Construídos com madeira
Dando vigor aos letreiros.
Primeiros livros impressos
Tratavam só de magia
Naqueles tempos antigos
Tão pouco se conhecia
Das artes e das ciências
Como se vê hoje em dia.
O volume mais antigo
Data de mais de mil anos
Foi encontrado em grutas
São termos nada mundanos
Tratados religiosos
De mosteiros tibetanos.
Os alquimistas chineses
Criaram a partir de argila
Os tipos gráficos móveis
Que esta arte compila
Tornando a reprodução
Uma tarefa tranquila.
O alemão Gutemberg
Aperfeiçoou o feito
Gerando enfim a imprensa
Com um sistema perfeito
Dando maior nitidez
Praticidade e proveito
Ao livro que desse ponto
Conheceu divulgação,
Passando a ser artefato
De profusa aceitação
Essencial para a arte,
Ciência e educação.
(2)
Esse mágico objeto
Expandiu a humanidade,
Um grande passo do Homem
Em sua acuidade,
Florescendo a ciência
Mudando a sociedade,
Registrando sua história,
Elevando a grande arte,
Iluminando a ciência,
Promovendo em toda parte
O conhecimento humano,
Fundamental baluarte
Da evolução social
Que o livro propicia
Agregando mais nobreza
Ao homem que o negocia
Por isso que o livreiro
Merece muito honraria.
Para falar de um desses
Comerciantes honrados
Discorro neste cordel
Os profundos predicados
Do nosso Heriberto Coelho
O rei dos livros usados.
Paraibano da gema
Nascido em Esperança
Residente em João Pessoa
Desde quando era criança
Tem como estilo marcante
A fé e a perseverança.
No ano de 83
Formou-se em Engenharia
Na PUC lá de São Paulo,
Depois fez Economia,
Curso que não concluiu
Conforme a biografia.
Presidiu centro acadêmico
Como líder estudantil,
Já no fim da ditadura
Em ambiente hostil
Assumindo posições
Favoráveis ao Brasil.
Já na área cultural
Foi grande pesquisador
Estimulando a cultura
Como colaborador
Na Comissão Normativa
Lutando com destemor
Na criação de uma lei
De incentivo à cultura
Na capital João Pessoa
De forma que assegura
Para o artista da terra
Uma excelente abertura
Para o financiamento
Do artista ou artesão
Que apresente bom projeto
Obtendo a provisão
Em capital necessário
Para sua execução.