O JUMENTO É NOSSO IRMÃO



Ele já foi bem cantado
Em prosa, verso e refrão
Eu aqui estou falando
Do jumento,o nosso irmão
Que carregou Deus menino
Nos ermos da solidão
Quando seus pais fugiram
Das lanças do centurião

Padre Vieira, o primeiro
E o seu grande defensor
Falou dele com carinho
Com ternura e muito amor
Que ele é filho de Deus
Tanto quanto, a rosa flor
Que perfuma os jardins
Com beleza e esplendor

O mendigo se associa
Com ele, a todo momento
Vai sentado no seu lombo
Mendigando o alimento
Nos bolsos leva a penúria
Na cabeça um pensamento
De ver romper nova era
E com ela, um novo alento.

Sertanejo, é bom homem
O traz,a si, pertinho
Monta nele e vai vencendo
As agruras do caminho
E o coitado nem reclama
A falta d'um bom carinho
Baixa a fronte ,sai rompendo
Tropeçando no ancinho

Curte sol, calor e chuva
No seu lombo tão sofrido
Se pudesse choraria
Pelo casco carcomido
De trotar pela estrada
Em busca de um marido
Pra filha do seu patrão
Que o faz,bem escondido!

Mas Deus vê o que se passa
Assim pensa o jumento
E há de chegar a hora
O instante ou o momento
Em que vai ter um descanso
Inda assim, em pensamento
E deixar esta louca vida
Que é a vida de um jumento

Nem que tenha que rezar
Pra São Pedro e São Bento
E dobrar os seus joelhos
Pra cantar o seu lamento
Lhes mostrar a sua dor
De ser um pobre jumento
E ver surgir um milagre
Co'o seu agradecimento!


Nunca mais, o sofrimento!


bjs,soninha
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Cordel inspirado na composição:
Apologia ao Jumento
Composição: Luiz Gonzaga - José Clementino
Sônia Maria Cidreira de Farias
Enviado por Sônia Maria Cidreira de Farias em 11/03/2010
Reeditado em 12/03/2010
Código do texto: T2132518
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