A Mossoró que eu quero nós podemos conquistar
Vou contar uma estória
De um fato ocorrido
Ou de um sonho bem real
Isso até hoje duvido
Se estava era acordado
Ou se tinha adormecido
Só sei que era uma cidade
Onde tudo funcionava
Suas ruas bem limpinhas
Nem piuba encontrava
Espalhadas pelo chão
Os garis tudo limpava
Na pracinha tinha balanço
Pra meninada brincar
Bancos pintados também
Pra quem quiser descansar
E muita arvore com frutos
Pra mode alguém se trepar
Fui andando e observava
Tanta beleza que via
A cidade respirava
Suspirando alegria
A pleno pulmão, gritavam
A paz aqui contagia
Era uma tranqüilidade
Andar por cada viela
Rua acima, rua abaixo
Seguindo a passarela
Que os pedestres ganharam
Para passear por ela
Fiquei de boca aberta
Vendo tal investimento
Ninguém ali parecia
Ter na vida sofrimento
Tudo tava em bom estado
Sem motivo pra lamento
Fiquei um pouco pensando
Que estranho era isso
Será que tinha morrido
E cheguei ao paraíso?
Acho que ainda é cedo
Pois eu tenho compromisso
Os muros tavam pintados
Nada lembrava eleição
Nenhum menino pedindo
No sinal uma doação
Muito menos tinha alguém
Com o carro na contramão
Sentei e fiquei pensando
Que está acontecendo?
Nenhum amarelinho apitando
Pedindo meus documentos
Ninguém na praça gritando
Cristo é nosso salvamento
Achei isso muito estranho
Era uma chateação
Tudo perfeito demais
Num ouvia reclamação
Parece até que não tinha
Ninguém na oposição
Fui pros bairros afastados
Pra vê se isso mudaria
Tudo que é rua calçada
Massapé ninguém não via
O saneamento básico
Em cada casa já ia
Fiquei olhando isso tudo
Lembrando coisa por vez
Isso tudo é utopia!
Tive então uma lucidez
Por que Mossoró não faz
Metade do que aqui fez?
Lembrei de todo o progresso
Quem em Mossoró tem chegado
Sal, petróleo, e cimento
Na balança tem pesado
E o mercado de imóveis
Cada dia aumentado
Cidade universitária
Mossoró se transformou
Com UERN e UFERSA
Isso se consolidou
UNP é particular
Mas o público alcançou
Os serviços é outra estória
Aqui não funcionam bem
Água encanada parece
Que em toda casa tem
Mas quando chega é atrasada
Com cor e sabor ela vem
A energia é cara
É um verdadeiro assalto
Até iluminação pública
Faz o valor dar um salto
As lâmpadas dos postes quebradas
Cada esquina é: “mãos ao alto!”
Pois falando de assalto
Dou seqüência a estória
Lembrando a prisão
Canto feito pra escória
Aqui entra tudo com os diabos
Logo sai gritando glória
Vi que não daria certo
Trocar Mossoró por lá
Uma cidade perfeita
Sem nada pra reclama
De quem esse poeta
Poderia então falá?
Aqui num falta assunto
Para transformar em verso
Tem até o Zé buraco
Que já tem feito sucesso
Pois buraco aqui não falta
Dizem até que é excesso.
Se a classe se unisse
Dos que anda engravatado
Políticos e empresários
Tudo isso era mudado
Mas a briga é muito grande
É primo com primo e cunhado!
As brigas intestinais
Pois é tudo caso interno
Família se separando
Para o poder ser eterno
Passando de mão em mão
De um modo não fraterno
Isso aqui é tão normal
Cada um que é pió
Um e outro vão mandando
Pensando ser o melhó
É a corte dos laranjas
No País de Mossoró!
Vou parando por aqui
Pro sôme num chateá
Mas num falei uma mentira
Quem quiser pode ir olhá
Pois a terra que falei
É pra lá do Ceará
O difícil é a estrada
De você pra lá chegar
O aeroporto num existe
É preciso consertar
Só num empresto a carroça
Pro jegue num reclamar
Ele já me confessou
Que só perder a razão
Se um desses por aí
Que aparecem na eleição
Vier pedir o seu voto
Te chamando de irmão
O fulando pára longe
Um coice ele vai levar
Por causa do desrespeito
Do bichinho esculhambar,
O melhor que tu faria
Era outro rumo tomar.
Agora acabou mesmo
É o verso derradeiro
Espero que Mossoró
Mude o rumo bem ligeiro
Que os político daqui
Sejam honesto e verdadeiro!
Fabio Alves Valentim, licenciado em Filosofia pela UERN, especializando em Ética e Filosofia Política pela UERN, Poeta e contista.