A GALINHA E O TRIGO

A GALINHA E O TRIGO

Eis a estória da galinha,

Ave esperta, bonitinha

Que, ciscando no quintal,

Após ver uns grãos de trigo,

Chama tudo que é amigo

Pra plantar o cereal.

- Se for feita a plantação,

Todos nós vamos ter pão

Pra nossa fome matar.

Preciso do seu apoio,

Isso é trigo, não é joio,

Venham cá me auxiliar!

A vaca disse: - nem vem!

O pato não quis também

Prestar colaboração.

O porco se recusou,

E o ganso não aceitou

Da galinha a sugestão.

Diante da negativa,

De coragem não se priva,

Fala, então: - eu mesma planto!

Um tempo depois, o achado

Floresce, lindo e dourado,

Produz o trigo, portanto.

Ao ver o trigo maduro,

Com a visão no futuro,

Faz apelo à bicharada.

De colher já era hora,

Mas todos dizem: - tô fora!

Desdenhando da coitada.

- Eu não vou, responde o pato

O porco: - disso não trato,

Não perturbe meu sossego!

Recusa a vaca, desdenha.

O ganso fala: - nem venha!

A o ser de surpresa pego.

A penosa, insatisfeita,

Diz: - deixem, faço a colheita!

Mas que turma preguiçosa!

Lá se foi, cantarolando,

E todo o trigo juntando

A galinha corajosa.

Prepara do pão a massa

E pergunta ali: - quem assa

Junto comigo a iguaria?

Convidando, fez acenos

Esperava de um ao menos

Apoio no que fazia.

- Eu posso ser solidária,

Pague a mim uma diária!

Disse a vaca interesseira.

Pato não marca presença,

Com seu auxílio-doença

Podia fazer a feira.

O porco retruca ao lado:

- Eu não sou tão estudado

E nem sei fazer pãozinho!

O ganso, por sua vez,

Demonstrando insensatez:

- Eu não vou jamais sozinho!

Daquele trigo produtos,

De dura labuta os frutos,

Cinco pães dentro da cesta.

Sem ter recebido amparo,

A galinha deixou claro:

- São todos meus, não sou besta!

Vêm logo as reclamações,

As mais quentes discussões:

- Fora os lucros abusivos!

A galera da preguiça

Brada forte: - é injustiça!

Seus ganhos são excessivos!

Pelos direitos iguais,

Parasita e outros mais

Ouve como xingamentos.

Do trabalho, outrora, em fuga

Eles taxam: - sanguessuga!

Ela passa maus momentos...

Mesmo com trabalho honesto,

Enfrenta muito protesto,

Sua sina foi perversa.

Aparece, de repente,

Do governo, um certo agente

Pra com ela ter conversa.

Esse cabra a repreende:

- Minha cara, vê se entende,

Dividir é bem melhor.

Ela retruca de pronto:

- Camarada, já te conto,

Foi tudo com meu suor!

O sujeito não lhe alegra,

Comentando sobre a regra

Vigente lá na fazenda:

- Você tem de repartir

Aquilo que produzir.

Ela acata a reprimenda.

Pra geral felicidade,

Distribui, com igualdade,

Os seus pães, sem pestanejo.

- Eu estou grata e feliz!

A nossa guerreira diz

Num sonoro cacarejo.

Depois disso, seu negócio

Também foi viver em ócio

Pra espanto da criação.

Perguntavam intrigados

Os bichos aqui citados:

- Nunca mais fez nem um pão?

___________

* Trata-se de uma fábula que circula na internet.

Ficou famosa nos anos 70 ao ser divulgada pelo então Presidente norte-americano Ronald Reagan que, mesmo reduzindo a carga tributária, conseguiu aumentar a arrecadação dos EUA.

Escrevi esta versão em cordel e espero que gostem.

Abração, pessoal!