A LENDA DO BOTO
Morador muito querido
Dos rios desta Amazônia.
Animal bem conhecido
Do Pará até Rondônia.
Parecido com golfinho,
Gracioso, esse bichinho
Nas águas faz uma festa.
Sobre o boto cor-de-rosa,
Tem uma lenda famosa
Nas entranhas da floresta.
Em certas localidades,
À noite, das águas sai.
Durante as festividades,
Transformar-se em homem vai.
Sujeito belo, elegante,
Criatura fascinante,
Com a branca vestimenta.
Visual irretocável,
Um terno claro, impecável,
Esse camarada ostenta.
A transformação citada,
Contudo, não é perfeita.
A figura é adornada:
De chapéu branco se enfeita.
Usados pra respirar,
Ele precisa ocultar
Da cabeça os orifícios.
Humano quase total,
Ele guarda do animal
Os mencionados resquícios.
Cavalheiro sedutor
Depois da metamorfose,
Gentil, arrebatador,
Nas mulheres causa hipnose.
Faz sucesso com mocinhas,
Sempre escolhe as bonitinhas
Pra ficarem ao seu lado.
Pra margem do rio ou praia,
Arrasta o rabo de saia,
Seu intento é consumado.
Em um clima de magia,
Os afagos seus não nega.
O seu desejo sacia,
O casal é pura entrega.
Sem sequer dizer o nome,
Depois do romance, some,
Sem voltar à vizinhança.
Ocorre a fecundação,
Concluída a gestação,
Vem à vida uma criança.
Esse folclore da gente
Tem histórias intrigantes.
Nessas bandas, comumente,
Dizem vários habitantes,
Quando a mulher engravida
E sendo desconhecida
Ali a paternidade,
Sem melhor alternativa,
Vem a justificativa:
- O boto é pai, na verdade!