O ESTRANHO PASSARINHO

Eu nasci um passarinho

que no mundo voa leve

pousando de ninho em ninho

sempre sendo muito breve!

Gostava da liberdade

de voar na imensidade

e assim era feliz...

Pelo mundo ia voando,

vivia sempre cantando

na vida que sempre quis!

Mas um dia de bobeira

avistei algo no chão,

fui olhar o que é que era

e caí no alçapão...

E de lá eu fui levado

pr’um estranho engradado:

uma gaiola pequena,

onde logo no começo

eu busquei a todo preço

escapar daquela pena!

Mas o tempo foi passando

e eu não via resultado

em ficar me desgastando

com o gênio revoltado

e assim fui aceitando

aos poucos me adaptando

vendo pontos positivos,

vendo a realidade:

“Comida tem a vontade!

Vou fugir por que motivos?”

O tempo puxando tempo

puxou um ano e dois meses

e eu já voltara a cantar

mais feliz que em outras vezes!

Minha vida era perfeita,

era essa a receita

da real felicidade:

viver sem preocupação

tendo tudo em minha mão

sem maior dificuldade.

Porém algo aconteceu

sem aviso, sem ter hora,

alguém abriu à gaiola

e me colocou pra fora!

Eu fiquei atordoado

embaixo dela parado

sem saber o que fazer.

Queria voltar pra dentro

mas a portinha no centro

não me deixava volver!

Desta forma eu fiquei

livre, com minha soltura

porém sem saber viver

numa vida “a natura”!

Então fico aqui sozinho

embaixo do antigo ninho

nutrindo falsa esperança

que a gaiola se abrirá

e que tudo voltará

àquela velha andança!

Fico aqui me recordando

da minha vida de rei

e tudo aquilo foi bom,

mesmo os quilos que ganhei!

E é por isso que reluto

em desistir do reduto

que aprendi a adorar

e assim eu vou ficando:

esperando e esperando

sem nem pensar em voar!

Porém sei que algum dia

eu enfim irei notar

qu’a gaiola bem fechada

para sempre irá ficar

e cansado da miragem

terei que tomar coragem

d’encarar a imensidão,

alçar vôo novamente;

pra quem sabe, de repente,

cair n’outro alçapão!

Timbaúba, 13/02/2010.