O CASO DOS IRMÃOS NAVES, UM GRAVE ERRO JUDICIÁRIO (Parte 3 - Final)
A tortura enfraqueceu
Joaquim Naves, o mais jovem.
Bem doente, faleceu.
Suas condições comovem:
Num asilo, coisa triste,
Muito frágil, não resiste
Em quarenta e oito ainda.
Pra Sebastião, porém
Desistir jamais convém
A batalha não se finda.
Pra limpar a sua barra
E também a de Joaquim,
O cabra, firme, se agarra
Numa esperança sem fim.
Só mesmo encontrando o morto
Ele teria conforto
Pra poder morrer em paz.
Pela alma do seu irmão
E por si, Sebastião
Passou a correr atrás.
Nessas voltas do destino,
Benedito surge vivo.
O seu ato vil, malino,
Que foi por demais nocivo
Reparar era preciso.
Eis que o esperado aviso
Finalmente foi passado.
Foi um primo de "Tião"
Chamado Zé Prontidão
Autor do comunicado.
Seguindo o que disse a fonte,
Foi atrás do 'falecido'
Num lugar em Nova Ponte
Onde foi reconhecido.
Era a casa de seus pais.
Junto com policiais
Vai o irmão sobrevivente.
Sebastião, alívio puro,
Depois de calvário duro,
Conclui a missão, contente.
Benedito, logo, jura
Não saber dos transcorridos,
O suplício e a amargura
Por seu ato produzidos.
Adveio um fato funéreo:
Em um acidente aéreo,
A família perde inteira.
A tragédia sem tamanho
Foi mais um detalhe estranho
Dessa história verdadeira.
Em cinquenta e três, enfim,
Pela via oficial,
Para os Naves teve fim
Essa pecha criminal.
Veio a absolvição,
Não pesava acusação
De qualquer modalidade.
Restava ainda esperar
O governo indenizar
A enorme barbaridade.
Junto com o advogado
Muito esforço, muito empenho.
Para ser indenizado
Sebastião foi ferrenho.
Seu intento se arrastou.
Ao final se processou
O Estado por tal engano.
O alívio veio em sessenta,
Chegava ao fim a tormenta
Da vida de um ser humano.
Fazendo-se o pagamento
Com recursos do Erário,
A família teve alento
Em forma de numerário.
Isso apenas minimiza,
Contudo, pouco ameniza
Tanto sofrer, tanta dor,
Pois das perdas resultantes,
Dos maus tratos humilhantes
Não se mensura valor.
Em sessenta e quatro parte
Sebastião, luta em pessoa.
Desta dimensão, destarte,
Despede-se numa boa.
Don'Ana a matéria deixa
Dois anos após sem queixa
De morrer injustiçada.
Seu advogado João
Lega em livro a narração
De uma história eternizada.
Virou filme no cinema
A jornada dos rapazes.
Pra resolver o problema,
Vejam do que são capazes
Os agentes estatais.
Direitos fundamentais
Desrespeitam sem vacilo.
Foi um erro imperdoável,
Atitude deplorável.
Não dá pra ficar tranquilo.
FIM
Parte 1: http://www.recantodasletras.com.br/cordel/2082367
Parte 2: http://www.recantodasletras.com.br/cordel/2082680
A tortura enfraqueceu
Joaquim Naves, o mais jovem.
Bem doente, faleceu.
Suas condições comovem:
Num asilo, coisa triste,
Muito frágil, não resiste
Em quarenta e oito ainda.
Pra Sebastião, porém
Desistir jamais convém
A batalha não se finda.
Pra limpar a sua barra
E também a de Joaquim,
O cabra, firme, se agarra
Numa esperança sem fim.
Só mesmo encontrando o morto
Ele teria conforto
Pra poder morrer em paz.
Pela alma do seu irmão
E por si, Sebastião
Passou a correr atrás.
Nessas voltas do destino,
Benedito surge vivo.
O seu ato vil, malino,
Que foi por demais nocivo
Reparar era preciso.
Eis que o esperado aviso
Finalmente foi passado.
Foi um primo de "Tião"
Chamado Zé Prontidão
Autor do comunicado.
Seguindo o que disse a fonte,
Foi atrás do 'falecido'
Num lugar em Nova Ponte
Onde foi reconhecido.
Era a casa de seus pais.
Junto com policiais
Vai o irmão sobrevivente.
Sebastião, alívio puro,
Depois de calvário duro,
Conclui a missão, contente.
Benedito, logo, jura
Não saber dos transcorridos,
O suplício e a amargura
Por seu ato produzidos.
Adveio um fato funéreo:
Em um acidente aéreo,
A família perde inteira.
A tragédia sem tamanho
Foi mais um detalhe estranho
Dessa história verdadeira.
Em cinquenta e três, enfim,
Pela via oficial,
Para os Naves teve fim
Essa pecha criminal.
Veio a absolvição,
Não pesava acusação
De qualquer modalidade.
Restava ainda esperar
O governo indenizar
A enorme barbaridade.
Junto com o advogado
Muito esforço, muito empenho.
Para ser indenizado
Sebastião foi ferrenho.
Seu intento se arrastou.
Ao final se processou
O Estado por tal engano.
O alívio veio em sessenta,
Chegava ao fim a tormenta
Da vida de um ser humano.
Fazendo-se o pagamento
Com recursos do Erário,
A família teve alento
Em forma de numerário.
Isso apenas minimiza,
Contudo, pouco ameniza
Tanto sofrer, tanta dor,
Pois das perdas resultantes,
Dos maus tratos humilhantes
Não se mensura valor.
Em sessenta e quatro parte
Sebastião, luta em pessoa.
Desta dimensão, destarte,
Despede-se numa boa.
Don'Ana a matéria deixa
Dois anos após sem queixa
De morrer injustiçada.
Seu advogado João
Lega em livro a narração
De uma história eternizada.
Virou filme no cinema
A jornada dos rapazes.
Pra resolver o problema,
Vejam do que são capazes
Os agentes estatais.
Direitos fundamentais
Desrespeitam sem vacilo.
Foi um erro imperdoável,
Atitude deplorável.
Não dá pra ficar tranquilo.
FIM
Parte 1: http://www.recantodasletras.com.br/cordel/2082367
Parte 2: http://www.recantodasletras.com.br/cordel/2082680