In memorian ao vovô Major Fermiano
Hoje a saudade me toca
Na agenda da lembrança
Resquícios que a mente evoca
Fragmentos de minha infância
Se a nostalgia sufoca
Remexo o velho baú
Vejo os campos da Pirapóca
As margens do rio Piripucu
Pirapóca um grande império
Na histórica Bela Vista
Frutos do trabalho sério
De um gaucho idealista
Nascido lá em São Borja
Nos limites do Uruguai
O mundo foi a sua forja
Luta, vence e sobressai
No comércio de cavalos
Desde jovem se empenhou
A renda do duro trabalho
Comprando terras aplicou
Pra trazer a cavalhada
Não havia condução
Enfrentava antiga estrada
Montado em seu alazão
Considerando o percurso
De São Borja a Bela Vista
Mesmo com parco recurso
Aos fortes cabe a conquista
O Governo Estadual
Do antigo Mato Grosso
Reconheceu-lhe o potencial
Sua coragem e esforço
Por julgá-lo competente
Meu avô foi nomeado
De Major ganhou patente
E o cargo de delegado
Conciliou as atividades
Foi um grande pecuarista
Também como autoridade
Engrandeceu Bela Vista
Em todas as comunidades
Conscientes de seus papéis
Conferem as suas personalidades
Na posteridade os lauréis
Creio que em Bela Vista
Minha linda terra natal
Algum logrador exista
Prestando homenagem a tal
A fazenda Pirapóca
Hoje pertence a outro dono
Venderam-se campos, gados e tropa
Ninguém perpetua no trono
A mim pertence à saudade
Dali que me viu crescer
A mim restou à saudade
Esta sim, ninguém poderá vender
O povo Nuncativiano
Até hoje não olvidou
O “MBURUVICHÁ” Major Fermiano
Que aos pobres muito ajudou
Vou incluir nesse poema
Que ele não vivia só
Era casado com Dona Nena
Minha querida e saudosa vovó
Otilia Lino Rodrigues
Desempenhou com valor
Colorindo com matizes
De ternura, paz e amor
Dedico este modesto trabalho as tias Marculina, Zélia, e Ezaudi. Aos meus queridos irmãos, primos e primas e a todos os parentes do saudoso Major Fermiano e residente em Bela Vista, Bonito, Rio Grande do Sul e por todo este Brasil amado.