A SOMBRA DE BRASÍLIA

Miguezim de Princesa

I

Eu nunca vi Edson Sombra

Aceitar suborno, não;

Sempre o vi como um exemplo

De servidor da nação,

Servil e compromissado,

Com o dinheiro gerado

Trabalhando pelo pão.

II

Porém, assim de repente,

Como num deus-nos-acuda,

Ele aparece por trás

Do delator do Arruda,

Detonando um mensalão

Que vai pra lá de bilhão,

Sem descontar as culhudas.

III

Fitas há pra mais de mil:

Deputado chulezão;

Cofre que virou corpete

Na política do peitão,

Mas Durval nunca mostrou

As fitas que ele filmou

Do homem do topetão.

IV

Depois que lascaram Arruda,

Paulo Otavio desistiu,

Foi que o Judiciário

A manobra descobriu:

O ilustre relator

Mandou foi o delator

Para o esquema que caiu.

V

E aí ele cercado

Pra delatar o patrão,

Tentou uma última cartada

Numa bonita região,

Repleta de rico novo

Que, quando avista um do povo,

Morre de arripunação.

VI

E afirmo com razão,

E digo sem empecilho,

O governo quis botar

Uma escola pra dar brilho

Ao aprender e ensinar,

Rejeitaram: “é azar

Do povão pros nossos filhos!”

VII

Pois foi lá, no centro puro,

Desta nova burguesia,

Que o Sombra se apresentou

Junto com sua freguesia,

Para fechar o intento

Que há tanto perseguia.

VIII

Para se livrar dos crimes

Do imenso laranjal,

O secretário Barbosa

No início entregou mal;

Precisava entregar mais,

Disso aí não foi capaz,

Preferiu “pagar o pau”.

IX

E foi aí que montaram

A segunda operação:

Engabelaram uns otários,

Que nunca viram tostão,

Montaram cena de pobre

Com 200 mil de cobre

Num jogo de um trilhão.

X

E a pobre massa ignara

Vê a comédia feliz:

Fura o boneco de Arruda

Com a lâmina da meretriz

E ainda forra a cama

Para a primeira dama

Que vai dormir com Roriz.

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 05/02/2010
Código do texto: T2070330