O DOM DE VIVER DE EUDENICE PINTO CAMARÃO: 70 ANOS DE LUTA, ESPERANÇA E ALEGRIA
Vou falar de uma mulher
Que não tem comparação
Ela é a minha tia
Eudenice Camarão
Uma mulher de fibra
E de grande coração
Nasceu em Solânea
Eu posso te garantir
Fica lá na Paraíba
Eu devo admitir
Por isso ela é valente
E também gosta de sorrir
Seu pai O Chico Pinto
Deixou grande herança
Não em forma de dinheiro
Educou a criança
Para ser um bom exemplo
Eu só tenho essa lembrança
Meu avô não conheci
Mesmo quando criança
Ele a todos criou
Com amor e confiança
E vale mais que dinheiro
É o que pesa na balança
Minha família
Tem enorme vocação
Pra serem professoras
Já virou tradição
E eu assim como ela
Tenho essa profissão
Quando eu era criança
Eu vivia a visitar
A minha tia querida
Ir com as primas brincar
E a infância delas
Eu fui acompanhar
Em tempos difíceis
Não cansava de correr
Pra casa da minha tia
Pra poder me socorrer
Daqueles tempos cruéis
Não gostava de sofrer
Hoje me lembro da infância
Já me vem à nostalgia
Minha tia Contava história
Quando faltava energia
Gostava de estar conosco
Segurança transmitia
Eu contava nos dedos
Pra chegar à sexta feira
Minha mãe se aperreava
Chamava-me bandoleira
Eu ia pra casa da tia
Eu gostava da zoeira
Na casa de minha tia
Sempre havia festa
A ordem de ser feliz
A filosofia era esta
Ouvia-se um bom samba
Ou um som de seresta
Nos tempos que lá passei
Tive muita informação
Ouvindo o que é de bom
O grande Rei do Baião
Ouvia Roberto Ribeiro
E também Luiz Airão
O marido de minha tia
É José Camarão
Um homem exemplar
Que me deu educação
Tratava-me como filha
O trago no coração
Meu tio é muito alegre
A tristeza ele rechaça
É apreciador
De uma boa cachaça
Quando ele toma uma
A tristeza logo passa
Esse homem tem história
Tem reflexão
Tem o sangue Guerreiro
De Felipe Camarão
Que hoje anda esquecido
Pelo resto da nação
Eu li nos jornais
Sua indigninação
Com a falta de memória
Tem insatisfação
Não respeitar a história
É falha da educação
Eudenice não existe
Sem estar perto do Zé
Muitos anos se passaram
E a paixão está de pé
Vivem trocando beijinhos
E fazendo cafuné
Do amor desses dois
Nasceram cinco filhos
Eles são abençoados
E seguem o mesmo trilho
Da verdade e do amor
É que deve vir o brilho
O mais esquentado
É o primo Umbelino
Que é chamado Camarão
Ainda desde menino
Mas tem personalidade
Ele é biscoito fino
Entre todas as primas
Tem uma especial
A minha prima Cristina
Ela é fenomenal
Fizemos muita bagunça
Foi um tempo sem igual
Faltam outras primas
Que ainda não mencionei
Josenice e Joseneide
E de Cacau eu não falei
Mas eu amo todas elas
Bons tempos passei
Por isso que hoje
Quero homenagear
Essa tia querida
Tem história pra contar
Setenta anos de luta
O tempo irá marcar
Ainda estamos vivos
É esta a indicação
Comemorar cada dia
Que nos deu a Criação
Ter o dom de viver
É arte, é vibração