BRIGA DE FRUTAS

A confusão começou
quando a esnobe avelã
desfilava no mercado,
numa bonita manhã,
a manga, por ser espada,
fez que não queria nada,
beijou no rosto a maçã.

A avelã, todos sabem,
com a manga paquerava,
partiu assim para a briga
e o fuzuê se formava;
um grande cesto de palha
foi o campo de batalha
que quase tudo acabava.

Empurraram o melão
que rolou sobre o cajá,
que fez a jaca rolar
sobre o maracujá.
Tive pena do coitado
que ficou todo enrugado
nos braços do araçá.

Foi uma feroz batalha
sem direito a barganha;
no desenrolar da briga
quase toda fruta apanha;
foi um grande alvoroço:
manga perdeu o caroço,
caju perdeu a castanha.

A maçã toda arranhada
da casca do abacaxi
precisou ser socorrida
pelo doce sapoti;
só se deu bem o limão
que azedou o mamão
e rolou com o açaí.

O combate terminou
só depois do meio-dia,
quando ao local chegou
delegada melancia,
com sua grande estatura,
uma arma na cintura
e muita autonomia.

A manga, que era espada,
em rosa se transformou,
a banana, que era verde,
ligeiro amarelou;
sofreu muito a avelã,
de calcinha e sutiã,
quando tudo terminou.

O sangue se espalhava
e pelo chão escorria,
roxo, azul, verde, amarelo,
na maior frutorragia;
depois dos fatos apurados,
foram os culpados levados
presos pra delegacia.