História de minhas mortes.

Eu nasci antes de Cristo,

Era um soldado descente,

Vivia me arriscando

E morri sendo valente,

Numa batalha com trinta

Me puxaram pela cinta

Que apertava a cintura

E meteram uma espada

Que no bucho transpassada

Partiu a minha armadura.

Eu depois nasci de novo,

Filho de um rei tirano

Que escravizava os pobres

Num regime desumano,

Eu sem poder fazer nada

Retirei a minha espada,

Rezei pedindo perdão

Pensei um pouco sentado

E como já havia tirado

Meti no meu coração.

Na África que foi ruim

Eu era faminto e pobre,

Vieram uns brancos malditos

Todos de família nobre

E me puseram num navio.

Lá avistei um pavio

Nem sabia o que era

Eu só sei que acendi

Depois que um estrondo ouvi

Eu tava na atmosfera.

Fui então nascer de novo

De família italiana

Cortejava uma moça

O seu nome Juliana

Atendia uma padaria

E sempre quando me via

Dava um sorriso fagueiro

Eu quando casei com ela

Me matou numa viela

Só queria o meu dinheiro.

Então nasci na Espanha,

Era um toureiro afamado

Eu nunca havia perdido,

Nunca havia me lascado

Mas quando num belo dia

No pingo do meio dia

Chamaram pra tourear

Nem foi preciso aperreio

Trouxeram o bicho feio

Somente pra me chifrar.

Hoje em dia não durmo,

Não saio, não faço nada

Eu sempre ando armado

De dia e de madrugada

Esperando ela chegar,

Pois quando se aproximar

Eu vou dar-lhe uma mãozada

Vou pegar a Dona Morte,

E ainda se tiver sorte

Eu mato essa desgraçada.

J A Freire
Enviado por J A Freire em 27/01/2010
Código do texto: T2054856
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