A CRIAÇÃO DO HOMEM

Fui poeira de vulcão,

Pedra da montanha a rolar,

Da areia apenas um grão,

Terra do fundo do mar

Até na oficina do santo artesão

Massa de modelar me tornar.

Em mim pondo sua mão,

O criador quis variar,

Cansado de fazer constelação

Resolveu se auto-retratar

Transformando-me num boneco, então,

Que para ele ficou a olhar.

Era genial sua criação,

Mas para ainda melhor ficar

Deu-me respiração,

Ouvidos, olhos para enxergar,

Vida eterna e coração

Para viver e amar.

Com doçura e mansidão

Levou-me ao um belo lugar,

Disse-me és Adão,

E aqui vais morar,

Porém há uma questão

Que eu preciso explicar.

Falou preste atenção,

De todas as frutas do lugar

Poderás comer, com a exceção

Da que fica no meio do pomar.

Come as outras, essa não,

Pois do contrário morrerás.

Tudo aceitei sem objeção,

No paraíso passei habitar,

Tinha tudo ao alcance da mão.

O soberano vinha me visitar.

Um dia trouxe Eva e disse: Adão,

Para sempre ela vai te acompanhar.

Recebi a com satisfação,

Ela ficou sem reclamar.

Por ela passei a ter afeição,

A mim ela veio a se afeiçoar,

Andávamos pelos campos em distração

Ouvindo os passarinhos cantar.

Como dois irmãos

Vivíamos no paraíso a gozar,

Uma vida de perfeição,

Sem saber o que era pecar,

Mas o anjo da perversão

Um dia viria ensinar.

Pois curiosidade e tentação

Em Eva fez brotar,

Dizendo o fruto da perdição

È gostoso pra danar

Come e oferece a Adão

Para ele também experimentar.

Não resistindo a tentação

Eva comeu até se fartar

E com seu poder de sedução

Convenceu-me a provar

E esquecer a proibição

Daquele fruto não me alimentar.

Que o dito era mesmo perdição

Logo pude constatar,

Pois me deu indigestão,

Vontade de evacuar

E tudo que era perfeição

Começou a se desmantelar.

Sentir uma estranha sensação,

Enxergava o que não devia enxergar

Eu estava sem calção!

Como nunca pude notar!?

Escondi-me na vegetação

Ao ouvir o criador me chamar:

- Onde estás, Adão?

Sabes que não podes te ocultar.

Eu lhe disse: perdão

Senhor, eu não queria pecar!

Mas nenhuma explicação

O divino quis escutar.

Teu pecado não tem perdão,

Disse o criador com pesar.

Te fiz para ser são

E tu fostes pecar.

Por causa da tua ingratidão

O paraíso vais deixar.

Entrastes em corrupção,

Vais a terra labutar.

Porém vais com a missão

De te multiplicar.

Darás início nação

Que na terra habitará.

Sem argumentos, sem razão

Tive que o paraíso deixar,

Fui cumprir minha missão,

A terra fui povoar,

Se o homem se fez vilão

Não queira me culpar.

Hoje vendo tanta danação

Até chego a pensar

Se foi boa a decisão

De a terra povoar,

Mas como o criador tem sempre razão

Isso eu não vou questionar.

Essa é a história da criação,

Você pode acreditar,

Deus fez o homem com suas mãos

E com suas mãos o desfará.

Não havendo outra opção.

Você veio do pó e ao pó retornará.

Adão Brandão
Enviado por Adão Brandão em 27/01/2010
Código do texto: T2054247
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