E a lua tava xêia, nun deu!
Por Airam Ribeiro
A parada que o sór deu
Pur aqui tudo ardeu
Só pruquê se aresorveu
Da lua se enamorá,
Ele no seu rompante
Incrontou-a num instante
Dento do quarto minguante
Aí num pôde se incrontá.
E no quarto ela ficava
Ele inté qui isperava
Mais cuma ela demorava
Ele intão vortô pra tráis,
E vortô dizisperado
Ele todo contrariado
Fez do namoro acabado
Dizeno qui nun quiria mais.
Mais ôtro dia por u’a prova
Ele intão feiz u’a trova
Mais viu q’ela estava nova
E pur ta nova nun quis não,
Já todo contrariado
Torno saí dizisperado
Ancim mêi discabriado
Quemano tudo no xão.
Quando passô mais uns dia
Cum insistênça e aligria
E tomém cum u’a eufuria
No horizonte a lua estava,
Mais ele viu a coisa fêia
Mais brabo quinén abêia
Viu qui a lua já tava xêia
E lá no monte li isperava.
Pensô cunsigo tomém
Ta xêia, ta cum neném!
Vortô tão triste tamém
E a coisa nun ficô boa,
Nun da para nois namorá
Eu tô sempre dano azá
Num posso a criança criá
Pruquê já é doutra pessoa.
Pur isso é qui nois dois estão
Cada quá no seu clarião
Cá sina de lumiá o xão
Mais nunca se incrontá,
É mais mió qui seja ancim
Ela bem longe de mim
A solidão é nosso fim
É eu pra cá e ela pra lá.
Logo qui vem à tardinha
A lua tão coitadinha
Ancim qui a noite avizinha
Ela sai atráis dos monte,
Inquanto o sór coitadim
Andano sempre sozim
Vai suportano seu fim
Morreno no horizonte.
Itanhém BA, 27/01/2010