Tô nas páia da bananêra

Comentário na página da cumadi Claraluna, do cordel "as assaduras"

Ta cá gota pra duê

Ô quemadura infiliz

Ir no már mais pra quê?

Meu Deuzu o qui foi qui fiz!

Condo da jardinêra dicí

Pra minha paióça currí

E nem cumê mais eu quis.

Cás bôia no corpo dueno

E o buraco imbáxo vremêi

Pra privada eu fui correno

Mais aí foi que vi o trem fêi

As bosta quereno saí

Mas tudo ardeno pur alí

Agüenta num vô, eu sei!

Foi a farofa requentada

Cum quisuqui e caxaça

Qui deu uma dô danada

Qui o estombo fez arruaça

Aí foi um iscunjuro

Cum aquele troção duro

Na porta fazeno pirraça.

Quem já teve o fiofó

Ardido pro cauza do már

Sabe ispricá maismió

O que eu li quero falá

É u’a dô duida do cão

Fazeno aquela ardição

Na hora qui vai cagá.

Eu vi a coisa preta

Essa ta de assadura

Num tô aqui cum motreta

E nem usano frescura

Quem no mar num assô

Num sabe o qui já passô

Um caipira de alma pura.

E meus dente!... meus dente!...

Minha chapa o már levou

Eu fui surrí de contente

Da boca ela iscurregô

Aí eu vi o regonguélo

Um matuto banguélo

Foi só o qui rezurtô.

Num tô mastigano fejão

Já tô intêro ingulino

Sem a minha chapa intão

Os fejão intêro ta saino

Pur isso esta agunia

Desses troção todo dia

Sem o estombo ir digerino.

Tô nas páia da bananêra

Sem pudê nem trabaiá

Num tô falano asnêra

O coxão dana a esquentá

Drumo imbáxo dum pé de Ypê

Só veno pra ocê vê

Cuma ta a coisa pur cá.

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 26/01/2010
Reeditado em 26/01/2010
Código do texto: T2052083