O poeta> Autor: Damião Metamorfose.
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Extraído de um poema da poetisa: Vitória Sena.
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Onde a inspiração reside.
O poeta faz moradas
Onde a alma se divide,
Real e conto de fadas.
Se o seu vôo assim permite,
Mora além do seu limite...
Um só em duas estradas.
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Revive vidas passadas,
Bebe do seu próprio mel.
Nas ruínas de escombros,
Banha-se em fontes de fel.
E esvazia a sua taça,
Só em um banco de praça
Ou num quarto de bordel.
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Rabisca em qualquer papel,
Sua vida nua e crua.
Na ausência de conforto,
Céu é teto, luz, é lua.
Faltando-lhe inspiração,
Interrompe a criação
E ignora que foi sua.
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Joga no lixo ou na rua,
Sua paixão ou desgraça.
Seu sorriso feio e lindo,
Sujo ou limpo, se esvoaça.
E a sua vida sem corte,
Fica exposta a própria sorte,
A ascensão ou desgraça.
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No amor que nunca passa,
Desejo ou obsessão.
Na ternura de um beijo,
No talvez, no sim ou não.
Vivendo em guerra ou em paz,
Sua alma se refaz
E busca a inspiração.
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No seu canto em oração,
Que causa tanta saudade.
No vermelho do arrebol,
No cinza de uma cidade.
No acaso ou no disperso,
O poeta faz em verso,
Tristeza e felicidade.
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Na falta de igualdade,
Preconceito e ambição.
No pivete de alma armada,
Que avança e pula o balcão.
De olhos fixos num brinquedo,
Enfrenta o mundo e o medo
e morre sonhando em vão.
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Pra o poeta a inspiração,
Essa chama que lhe invade.
Vem dos palcos dessa vida,
De ilusão e realidade.
Do sorriso da criança,
Da idade que se avança,
Do inteiro e da metade.
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Sua maior vaidade,
Que alicerça e dar suporte.
É ter o caminho livre,
Sem carimbo ou passaporte.
Pra compor a sua obra,
Sem precisar de manobra,
Por veto, censura ou corte.
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O poeta vem do norte,
sul, centro oeste e sudeste.
Da caatinga ou do asfalto,
Sertão, litoral, agreste.
E na essência de tudo...
Ele jamais fica mudo,
Se manifesta e investe.
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O poeta é inconteste,
A riqueza da mistura.
A poesia é uma porta,
De uma mente sem censura.
Que antecipa a denuncia,
Enriquecendo a pronuncia,
E preservando a cultura.
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Fim
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25/01;2010