Um caipira na praia

Um caipira na praia

Airam Ribeiro 23/01/2010

Um cunvite eu aceitei

A jardineira peguei

E pra lá eu debandei

Cum a mente a meditá,

A mala intão arrumei

Uma cueca eu comprei

O sabunete tava no mêi

Lá fui eu cunhecê o már.

Na praia de Arcobaça

Nóis fizemo as arruaça

Tumei muitias caxaça

E vi muié quagi pelada,

Quano eu ia nadá

Eu danava a ingasgá

Das águia sargada do már

Qui pelas garganta passava.

Eu oiava aquele marão

Cum tanta água no xão

Fazeno um zuadão

Quando na areia xegava,

O sór quente daquele dia

Dava ni mim qui ardia

E minha costa intão duia

Qui a pele ficava assada.

Tanta gente meu Deus do céu

Era aquele mundaréu

E eu esse tabaréu

Ficava só oiano o már,

Tanta água in frente a mim

Pensano eu falava ancim:

Lá na roça nem um tiquin

Pruquê num manda elas pra lá!

E as água ia e vinha

Eu oiava as boilinha

Qui cum aquelas água vinha

E ficava na areia a pocá,

Pegava uns buzo qui xegava

Pra u’as muié eu oiava

E outros gole dágua

Bibia quando ia nadá.

Ô água sargada minha gente!

As golada entrava quente

E eu naquele ambiente

Tussia feitio um canção,

Vez in quando a cueca dicia

Das força qui as onda fazia

Nunca vi tanta agunia

Qui paricia um furacão.

Quando o sabunete eu passava

surrino pra mim eles oiava

Eu veno qui eles cumentava

Porém eu nun sei o quê,

E eu intão curria pro már

Para as ispuma do sabão tirá

E eu de longe ficava a oiá

As gargaiada e os trelelê.

Dia ciguinte nun guentei

Paricia qui num forno intrei

E qui lá eu mermo min fritei

Pois ni min tudo tava assado,

Só nas sombra qui eu axava

E cum uns ventin qui passava

É qui as dô intão miorava

Era quintura pra todo lado!

Dento da cueca as areia

Dexava alí a coiza fêia

A bunda já toda vremêia

E meu cú ardeno pra daná,

Desse jeitio num aguento

Rezei pra xegá o momento

Já era certo meu intento

De pra minha roça eu vortá.

E a jadinêra partiu

Eu veno o sór qui saiu

Pariceno inté qui min viu

Pidino pra de novo eu vortá,

A resposta dei só na mente

Qui ali naquele már quente

Nunca mais eu ia istá presente

Pra água sargada nun mais tumá.

A primeira de 2010

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 23/01/2010
Reeditado em 23/01/2010
Código do texto: T2046416