LEMBRANÇAS DA MINHA INFÂNCIA

Eu lembro com saudades

Da minha infância querida

Vejo logo a minha mãe

Imagem nunca esquecida

Porque ela representa

O melhor em minha vida

Ao visitar as memórias

Da minha doce infância

Eu vejo um filme passar

Dói no peito a distância

Pois a minha mãe já se foi

Ela está em outra estância

Por isso eu resolvi

Ir de volta ao passado

Pra relembrar o tempo

Que para mim foi sagrado

Pois eu tinha minha mãe

Eu não era abandonado

Ao relembrar o trajeto

Que a minha mãe enfrentou

De criar os seus filhos

Pois meu pai se acovardou

Deixando ela sozinha

E por nós ela lutou

Por formação a minha mãe

Era professora

Com a mesma dedicação

Sou a sua sucessora

Vejo nessa profissão

Uma trilha encantadora

Pois herdei dela

O oficio de educar

Seja adulto ou criança

Eu adoro ensinar

Transmitindo o que eu sei

Aprendendo a partilhar

Eu me lembro os cuidados

Com a nossa educação

Priorizem os estudos

Já nos deu essa lição

Ou então não serás nada

Se não tens educação

Antes de dormir

Sempre eu tinha que rezar

Uma ave Maria

E pedir ao anjo pra guardar

A minha alma e proteger

Quando Deus vier buscar

De manhãzinha eu acordava

Com o cheiro de café

Ainda era bem cedo

E mamãe estava de pé

Orando por todos nós

Era grande a sua fé

Cuidava de nossa higiene

Mandava-nos para o colégio

Sempre bem cuidados

Preguiça é um sacrilégio

Ela nos impulsionava

Estudar é um privilégio

Nesse tempo quase tudo

Comprava-se a granel

Vale à pena relembrar

Aqui nesse cordel

Quando a inspiração chega

Já transcrevo pro papel

Em minha cabeça habitava

Uma única certeza

Eu vou ter sempre a minha

Vislumbrar sua beleza

Ela é o que de mais belo

Eu ganhei da natureza

Eu ficava trancada

Pra mamãe ir trabalhar

Como eu era a mais velha

Dos irmãos ia cuidar

Mas uma coisa eu vivia

Sempre a questionar

Qual seria o motivo

Pro meu pai me abandonar

Só irresponsabilidade

Fez-lhe relegar

Três crianças indefesas

Pelo medo de enfrentar

A minha nos deu exemplo

Eu de luta e de coragem

Mas aqui na terra

Foi curta a sua viagem

Pensei durar pra sempre

Foi curta sua passagem

Mas o filme continua

Em minha mente passando

Lembro-me da minha mãe

Às vezes fico chorando

Mas Deus me dá conforto

E eu vou me consolando

Para cozinhar o feijão

Muitas vezes sem mistura

Vi a mamãe chorar

Já sentindo uma gastura

Às vezes faltava o pão

E sentia amargura

Hoje se vai ao restaurante

Comer carne no espeto

E eu bem pequenina

Ia cortar graveto

Pois o gás já acabara

Eu não ia ao coreto

Logo encontrei um amor

E vida seguiu o seu curso

Casando-me muito jovem

Preocupação era o discurso

Mas tudo correu bem

Trilharia esse percurso

Casei-me com um grande homem

Dele ganhei muito afeto

E foi no que resultou

Ganhou um monte de neto

Ela ficou feliz

Viu o amor em meu teto

Você pode duvidar

Porque acha isso ruim

Tenho tudo que quero

Pois a vida é assim

Mas uma coisa eu não tenho

A mamãe perto de mim

Quando eu era pequenina

Tinha medo de trovão

Mamãe me acalmava

Pegava-me pela mão

Hoje mamãe já se foi

Ainda dói no coração

Até hoje a notícia

Que mais me entristeceu

Foi saber que a minha mãe

Muito nova adoeceu

Senti um golpe bem forte

Quando a minha mãe morreu

Hoje eu tenho certeza

Que ela está em bom lugar

Mas sinto muitas saudades

Tenho que lhes revelar

Mas Deus está com ela

Isso eu posso afirmar

E para quem tem mamãe

Eu quero aconselhar

Trate bem a sua mãe

Coloque-a num altar

Pois ela é uma santa

Sempre a te abençoar

Dedicatória: A minha querida mãe Lindacy Lima Pinto (in memorian), que foi o anjo enviado por Deus a iluminar a minha vida e dos meus irmãos Sandro, Neilson e Gecionny.