Desigualdade social. Autor: Damião Metamorfose.
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Acabou a escravidão,
Mais de cem anos atrás.
Mas quase toda nação,
Não tem direito ao que faz.
Falta igualdade e terra.
O mundo vivendo em guerra,
Liberdade pra quem erra...
Morte pra quem prega a paz.
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O egoísta é um cego,
Que não vê nem o umbigo.
Não alega o que eu alego...
Discorda do que eu digo.
Humilha a que tem mão grossa
Tudo o que vê se apossa,
Quando ele janta e almoça,
Esquece até um amigo.
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A grana enche a maleta,
O bolso, a cueca, a meia.
É conchavo e é mutreta,
Oh! Meu Deus que coisa feia.
Mas o homem que trabalha,
Paga o que deve e não falha,
Se, se apossar de migalha,
Morre e não sai da cadeia.
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A ciência sempre investe
Em testes, para salvar.
Mas sempre que faz um teste,
Tentando um mal evitar.
Seus cobaias principais,
Seja gente ou animais...
Morre e só sai nos jornais,
Quando a poeira baixar.
*
Já não sei quem tem razão,
Se é a policia ou bandido.
Um rouba por profissão,
Outro por ser excluído.
O bandido rouba e mata,
Policia idem e maltrata
E o tal ladrão de gravata?
Deixam o sistema falido.
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Liberdade fictícia
Onde o mais forte elimina.
Todo dia tem noticia,
De estupro roubo e chacina.
Rico anda em um blindado,
Mas o assalariado,
Vive no fogo cruzado,
Com sangue e carnificina.
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Quem ganha o básico salário,
Só tem direito a sonhar.
Pra resistir o calvário,
Do dia a dia em seu lar.
Já o dito magnata,
Que usa terno e gravata,
Brinca com ouro e com prata,
E ganha sem trabalhar.
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Da criança ao ancião,
Falta vaga em hospital.
Mas gastam em diversão,
E em campanha eleitoral.
Aumentam taxas de juro,
Por isso é que esconjuro
E digo que o futuro
Do nosso país vai mal.
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Eu sempre me manifesto,
Denuncio em poesia.
As coisas que não atesto,
Na falsa democracia.
Preconceitos raciais,
Divisões tão desiguais
E os direitos iguais,
Não passam de hipocrisia.
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Peso liquido, peso bruto,
Ilustres trabalhadores.
Que plantam e colhem o fruto,
Enfrentando os dissabores.
Uma parte vai ao prato,
A outra vendem barato,
Mas quem leva o lucro exato,
São os atravessadores.
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O pobre que tem talento,
Planta em terreno rochoso.
Não ganha nem pro sustento,
Tem um cachê duvidoso.
Luta pra sobreviver,
Sem chance para vencer,
Esperam ele morrer,
Pra poder ficar famoso.
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O caloteiro e falsário,
Que a discórdia semeia.
Faz o mesmo itinerário,
Dentro ou fora da cadeia.
O trabalhador honrado,
Vive sobrecarregado,
Mas se ele for condenado,
Morre de fome ou na peia.
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E o pacato cidadão,
Sem emprego e sem dinheiro.
Se acaso roubar um pão,
Tratam como desordeiro.
Vai preso pro xilindró,
Apanha de fazer dó
Volta de lá só o pó,
Ou morre no cativeiro.