A vida engolindo a vida, > Autor: Damião Metamorfose.

*

Um do um, dois mil e dez,

Depois de uma bebedeira.

Sentei-me pra descansar,

Na sombra de uma mangueira.

Quando ali vi uma cena,

Quase digna de pena,

Por ser vil e traiçoeira.

*

Do tronco da bananeira,

Eu vi sair um caçote.

Correndo em disparada,

Melhor dizendo: a pinote.

Com três atrás no encalço,

Ali era um pulo em falso

E uma bicada no cangote.

*

Galo, galinha e um frangote,

Corriam atrás do coitado.

E ele no desespero,

Pulava sempre alternado.

Para vê se despistava

ou quem sabe se livrava,

De ser pelos três, bicado.

*

Pulando pra todo lado,

Sem a quem pedir socorro.

Se ele falasse dizia...

“Oh! Vidinha de cachorro”.

Primeiro dia do ano

E se eu não entrar num cano,

É dessa vez que eu morro.

*

Pulando em Z feito um zorro,

Sobre a terra ressequida.

O fôlego se acabando

E ele sem ver uma saída.

-Primeiro dia do ano,

Ou eu entro em algum cano,

Ou eu perco a minha vida.

*

A galinha esbaforida,

Com aquele calor voraz,

Juntamente com o galo,

Foram ficando pra trás.

Mas o fogoso frangote,

Veloz igual um coiote,

Corria com todo gás.

*

Um pulo em falso e... Zás,

Frangote ganha a corrida.

Prende o caçote em seu bico,

Deixando-o sem saída.

E eu ali assistindo

O forte a um fraco engolindo

E a vida engolindo a vida.

*

Fim

04/01/2010.

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 04/01/2010
Código do texto: T2010082
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