ENTRE A CRUZ E A ESPADA (Diversos poemas)
ATESTADO DE ÓBITO DE UM AMOR QUE NÃO MORREU. (Poema inserido neste cordel):
Dia sem brilho,
Torrente de risos,
Aplausos e guisos
Perdidos no espaço
Dos passos que trilho.
O amanhã perdido,
Hoje não acontece,
Enquanto que o ontem
Jamais existiu
No nosso sentido.
A sombra perfeita
Da sua existência,
O sonho, demência
Da realidade
Que a mente rejeita.
O aperfeiçoado
Se aperfeiçoando,
O inexistente
Se concretizando
Neste cavalgado.
De repente me perco,
Já não sou mais eu,
A certeza é irreal.
Não sei nada,
Já que nada vejo
nada sinto.
E ERA VERDADE!
O que? Como? Por quê?
Todos esses pensamentos
São conseqüências das horas
De indecisão que passei
A esperar por você.
Uma festa.
Vários amigos,
Muitas alegrias,
Meus problemas,
Minha solidão.
Chegaste.
Reacende-se a chama,
A mesma chama
Que há dias atrás
Criaste.
A chama da dúvida,
Da incerteza,
Da ilusão e do medo
Dos meus dissabores.
Mas chegaste
E só tua presença
Me faz esquecer
Tais dores.
Fim de festa.
Já sinto chegando
O eterno momento
Da solidão.
Momento da mágoa,
Do medo de tudo
Da dor do ser só,
Do amar em vão.
Prolonga-se a festa
Em outro ambiente,
Relação mais íntima,
Mais acolhedora,
Mais aconchegante.
“Espumas” nos copos,
Sorrisos nos lábios,
Alegria reinante.
E chega o momento:
“Espumas na “cuca”,
Lábios nos lábios,
Começo de tudo,
Começo do fim
De uma solidão.
Enfim, o fim.
Fim de festa,
Fim de cerveja,
Fim de programa,
Final de ilusão.
Um trato:
Um encontro,
Uma dúvida...
Dois corações palpitantes,
Duas noites de vigília,
Duas dúvidas.
A hora fatal:
Um encontro feliz!
Nenhuma dúvida,
Nenhuma cerveja,
Nenhuma mente confusa,
Nenhum amigo,
Nada. Nada mais.
Apenas dois corações
Palpitantes de felicidade.
Uma noite feliz,
Uma dor que morria,
Um amor que nascia . . .
E ERA VERDADE!
E ERA MENTIRA!
O que? Como? Por quê?
Todos esses sofrimentos
São conseqüências das horas
De distração que passei
A me iludir com você.
Noite de estágio,
Várias amigas,
Muitas calunias,
Minha inocência,
Tua incompreensão.
Te afastaste.
Apaga-se a chama,
A mesma chama
Que há dias atrás
Criaste.
A chama da vida,
Da felicidade,
Da ilusão e do fim
Dos meus dissabores.
Mas te afastaste.
E, só tua ausência
Me faz renascer
Tais dores.
Fim de romance.
Já sinto voltando
O eterno momento
Da solidão.
Momento da mágoa,
Do medo de tudo,
Da dor do ser só,
Do amar em vão.
Prolongas tua ira
Em outro ambiente
Mais familiar,
Mais aconchegante.
E rompes com tudo,
E rasgas o verbo
E me esculachas,
Me cospes no rosto
Teu ódio inflamante.
E chegas ao auge
De tua loucura.
E tu me destratas,
Me chamas de fraco,
Covarde, corrupto,
Chantageador;
Em tua cegueira
Que o ódio provoca
Nem vês que te choro
Tão singelo amor!
Tu não me dás trégua,
Tu não me dás tempo,
Tu não me dás chance
De me defender;
Somente deplora,
Machuca, maltrata
Alguém que sonhava
Contigo viver.
Esqueceste tudo:
As tuas carícias,
Os teus alisados,
As tuas mordidas,
Os teus beliscões;
Esqueceste rápido
Os nossos acochos,
Os nossos encontros
Em ruas desertas,
Como dois ladrões.
Chegou o momento:
Maldade na “cuca”,
Veneno nos lábios,
Você mata tudo,
Você põe um fim.
Você. Só você.
Profana, despreza,
Castiga, condena,
Sem pena de mim.
E eu fico chorando,
Sofrendo, sozinho,
Triste e desprezado
Por ter confiado
No teu fingimento.
Chegou minha vez
De te detratar,
Também te julgar,
De ser violento.
E digo, querida,
Tu nunca me amaste,
Tu só me enganaste,
Tu só me ajudaste
A sofrer bem mais.
Depois disto tudo
Que tu me fizeste
Apenas me deste
Direito de ver-te
Como Satanás.
Mas eu te amo tanto ...
Que mesmo sofrendo
Eu tenho esperanças
De ainda beijar-te,
Beber dos teus lábios
Toda tua ira.
A ira que levas
No teu coração
Que dizia me amar...
E ERA MENTIRA!
É triste sentir-se amado
Sem desfrutar desse amor,
É triste sentir-se amante,
E viver no desamor,
E ter que sorrir fingindo
Prá esconder sua dor.
A poesia e o poeta
Se relacionam bem,.
O luar e a seresta
Se conjeturam também,
Por que eu não tenho direito
De amar a quem me quer bem?
Será que tu te cansaste
De viver a realidade?
Será que fui incompleto?
Ou lhe turvo a liberdade?
Ou será que o destino
Me faz mais uma maldade?
Desabafo de um poeta
Que não pode te esquecer,
Vou gritar aos quatro ventos
Pra que possas me entender,
Não vivas a maltratar-me,
Pois não vivo sem você!
A canga era um artefato
Usado em carro de boi
Para unir o boi ao carro
Nos tempos que já se foi.
Com ela o boi carregava
O carro em seu vai e vem;
Com o tempo se desgastava
No lombo do boi ficava
A marca que assinalava
A força que um boi tem.
Todos temos nossa canga,
Embora nós não a vemos;
A nossa não se desgasta
Nem mostra a força que temos.
Com a canga do meu destino
Eu carrego a minha vida;
E a vida carrega as dores
Dos seus desfeitos amores
Oculta entre os dissabores
De uma existência
Estive doente,
Doente dos olhos,
Doente da boca,
Dos nervos até;
Dos olhos que viram
Formosas mulheres,
Da boca que disse
Poemas em brasa,
Dos nervos manchados
De fumo e café.
Estive doente,
Estou em repouso,
Não posso escrever.
Eu quero um punhado
De estrelas maduras,
Eu quero a doçura
Do verbo viver.