Galope a beira mar. > Autores: Damião Metamorfose & Welton Melo.
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Damião Metamorfose
01
Welton eu confesso, não fui repetente,
Mas fui pra escola aos onze de idade.
Aprendi a ler com facilidade,
Seis meses ou menos foi suficiente.
No primeiro dia eu voltei contente,
Pois tinha comida melhor que em meu lar.
Gostei da merenda, gostei de estudar,
E fui o primeiro do presinho ao quarto.
Dos cinco irmãos sou quinto no parto,
Pra cantar galope na beira do mar.
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Welton Melo
-O2
Nasci em Recife depois dei um “sarto”
De lá vim “sartando” que nem canguru
Esbarrei nas margens do rio Pajéu
E finquei morada na beira de um “arto”
Agradeço a deus um passado farto
Que hoje eu não tenho de que reclamar
Mamãe fez de tudo pra eu estudar
Me deu incentivo deu gritos agudos
E graças a ela findei meus estudos
Nos dez de galope na beira do mar
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D, Metamorfose
03
Fui tarde pra escola, não tenho canudos,
Também sai cedo bem antes do tempo,
Culpa de uma greve e outro contratempo,
Mulher e bebida trocando em miúdos.
Com medo do vicio parei meus estudos,
Sem ter pai e mãe pra me aconselhar.
Inda fiz três cursos tentando acertar,
No quarto acertei e sou cabeleireiro.
Voltei pro nordeste sem lar e dinheiro,
Pra cantar galope na beira do mar.
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W,M
-04
Já eu meu amigo quis ser engenheiro
Fiz vestibulares mas nunca passei
Daí em diante eu me revoltei
Com esse destino frio e traiçoeiro
Deixei meus estudos e fui ser vaqueiro
E neste trabalho quero me formar
Já sei pegar gado no mato e laçar
Apartar bezerro ,depois tirar leite
E espero que mãe meu destino aceite
Pra eu cantar galope na beira do mar
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D,M
05
Não tenho rodeios, não gosto de enfeite,
Sou muito direto, nas coisas que falo.
Respondo na lata, em nada eu me calo,
Devolvo fervendo sem passar azeite.
E o que duvida que venha e me peite,
Pra ver se o que digo eu posso provar.
Mas sou moderado quando vou falar,
Para evitar um mal entendido.
Porque já sou craque em duplo sentido,
Nos dez de galope na beira do mar.
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W,M
06
Já eu nesse meio to de intrometido
Comecei criando poemas de amor
Transformando em verso as marcas da dor
Que na madrugada tem me acometido
Felipe pediu e eu fiz seu pedido
Mesmo sem ter forças pra te enfrentar
Não vim pra duelo e nem pra brigar
Pois onde tem briga com meu verso eu uno
E eu ao seu lado sou só um aluno
Buscando lições na beira do mar
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D,M
07
Pois pra mim você é um grande tribuno,
Figura notória do nosso cordel.
Não tarda e será mais um menestrel,
Basta esperar o momento oportuno.
Seu verso é completo, singular, é uno,
Bem metrificado com bom linguajar.
Era sobre mim que eu ia falar,
Mas foi-se a estrofe confesso nem vi.
Falei de você e de mim esqueci,
Nos dez de galope na beira do mar.
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W,M
08
Duplando contigo eu bastante aprendi
O que eu não sabia você me ensinou
Meu verso era pouco você completou
Perdoou meus erros e eu reconheci
Agora poeta eu termino aqui
Só falta o teu verso pra finalizar
Espero algum dia poder me tornar
Um poeta bom com a tua altura
Pra ser mais um nome na nossa cultura
Nos dez de galope na beira do mar
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D,M
09
Gostei da duplagem e a desenvoltura,
O que combinamos nós já completamos.
Do começo ao fim, não desafinamos,
Usamos a ética, cultura e postura.
Foi gratificante poesia pura,
São José do Egito pode se orgulhar.
Por ter um poeta que é único exemplar,
Que faz verso e posta usando uma lan.
Por isso e por tudo é que eu sou seu fã,
De trova a galope na beira do mar.