TELA SUJA
TELA SUJA
É na tela que se pinta
com os olhos rutilantes .
Não está mais como antes
pois que está suja de tinta.
Mas é um sujo inteligente,
quando fala é eloquente
mudo embora assim se sinta.
Com os olhos rutilantes
as pupilas brilham mais
pra mostrar do que é capaz
essa mente em dado instante
Tudo vibra nos sentidos;
sol e chuva enternecidos,
co’essa arte estonteante.
Não está mais como antes
pois o artista trabalhou
com pincel ele talhou
traços com cores vibrantes.
Inda um pouco aparvalhado
da arte apenas iniciado
mas de inspirações constantes.
Pois está suja de tinta
estava limpa essa tela,
mas feliz em sua mazela,
suja sim, embora minta
pois a arte que a inspira
‘stá esperando que se insira
Tinta pura ou aguarela.
Mas é um sujo inteligente
com o ensejo só da arte
sem que o erro se descarte
pois que erra toda gente
seu convívio com o acerto
só o vê quem lhe está perto
e não se faz de inclemente.
Quando fala é eloqüente
A pintura do artista
diz a quem lhe empresta a vista
que a olhe bem de frente
pois retrata o êneo elo
cinge a boa arte ao belo
que de escola é diferente.
Muda, embora, assim se sinta
cheiro exala de cultura;
no desejo da arte pura
quer posar de boa pinta.
Mesmo simples e simplório
Figurar quer no empório
Sem embargo e sem finta.
Do cordel chego ao final
cada verso desdobrado
cria estrofes isoladas
até a linha terminal.
O cordel entrou no esquema
do aprendiz que sou do poema.
Peço aos pares seu aval.