UM CORDEL DE LOURDINHA (Para a perpétua memória)

UM CORDEL DE LOURDINHA

Adalgisa Maria Viana

Maria de Lourdes Viana

24 de setembro nasceu,

Só nos deu alegria

Até que faleceu.

Ela era muito bela

De um coração exemplar,

Ajudava todo mundo

Sem nada em troca cobrar.

Os anos foram se passando

Para Verdelândia mudou,

Foi naquele lugar

Que nosso pai nos deixou.

Ela ainda bem novinha

Dos irmãos ajudou cuidar,

Sempre de cabeça erguida

Não gostava de reclamar.

Logo em seguida

Ela começou a trabalhar,

Com o pouco dinheiro que tinha

O seu lote quis comprar.

Dizem todos que a conheceram

Que por aonde ela passava,

Era amor e alegria

Que Maria de Lourdes deixava.

Quando alguém a maltratava

E eu ia lhe falar,

Ela com um sorriso lindo

Colocava-me a pensar

Ela sorrindo dizia

Vamos aprender perdoar,

Às vezes, para esta pessoa

Não teve ninguém para ajudar.

Gleides e ela diziam nossos pais

Juntos de Deus eles estão,

Por isso estamos bem

Pois eles seguram em nossas mãos.

Quando alguém tinha pena dela

Também não gostava,

Pois o que era para ser

Ela mesma suportava.

Dizia que Deus

Dá o sofrimento para passar,

Somente aquele tanto

Que podemos suportar

Um dia ela me falou

Com um sorriso lindinho,

Se não souber perdoar

De que vale esse mundinho.

Também ela me falava

Que tudo tem solução,

Que o amor dela era eterno

Para familiares, amigos e irmãos.

Quando mudei para Goiânia

Na minha casa sempre vinha passear,

Só que ela estava triste

E eu não conseguia ajudar.

Depois de algum tempo

Irmã Mires ela conheceu,

Foi quem ajudou imensamente

E o problema desapareceu.

Com a ajuda da Mires

Para Barro Alto se mudou,

Na casa de boa gente

No convento a colocou.

Um dia lá em Curvelo

Ela de ser freira se cansou,

Bateu em retira

E para Goiânia voltou.

Depois se mudou para Senador Canedo

Para de dois sobrinhos cuidar,

Pois eles estavam crescidos

E precisavam trabalhar.

Ela não media esforço

Para família ajudar,

Mesmo se fosse impossível

Ajudava sem cessar

Ela gostava muito

De andar e trabalhar,

Sempre arrumava um tempinho

Para da saúde cuidar.

Comida era saudável

Tinha medo de adoecer,

Por isso ela classificava

O que devia comer.

Era tão responsável

Que nem namorado arrumou,

Só começou namorar

Quando o Claudeci encontrou.

Que Claudeci era um amor

Para mim ela dizia,

Qual era o destino deles

Somente a Deus pertencia.

Quando ela estava com ele

Sentia-se protegida,

Dizia que ele era o anjo

Que Deus colocou em sua vida.

Um dia com uma dorzinha

Lá no Canedo internou,

Só não sabia que aquele hospital

O seu triste fim traçou.

Ela ficou internada

Até naquele dia,

E sentiu que se não fugisse

No matadouro morria.

Ela ligou para Gleides

E disse que tinha fugido,

Porque se ficasse lá

Em breve teria morrido.

Então ela fugiu

E uma ambulância a procurou,

Só que ela escondeu

E para lá não mais voltou.

Correu para o São Salvador

Onde ela foi bem tratada,

Só que do hospital matador

Ela saiu infectada.

Ela pagou com a vida

Para outras vidas salvar,

Vamos ver que providência

A justiça vai tomar.

Eu deixo aqui meu recado

Não sei se vão entender,

Se eu maltratasse a Maria de Lourdes

No velório eu não ia aparecer.

Aqui deixo meu abraço

Para minha irmãzinha querida,

Que partiu desse mundo

Despedindo desta vida.