Quando o amor acaba> Autor: Damião Metamorfose.
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Depois das bodas de lata,
Bronze, ouro e diamante.
Juras de amor eterno,
Único amor, única amante.
Gatinha vira dragão...
O gatinho é cachorrão,
Vem à fase entediante.
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Casa cheia a todo instante,
Filho, nora, genro, neto.
Reclamações todo dia,
Desconforto e desafeto.
Sexo só uma vez por mês,
Dois três quatro ou mais... Talvez,
Cheio de censura e veto.
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O tédio corrói o teto,
O resto de amor se esvai.
A amizade se acaba,
A lembrança também trai.
Um cansado, outro doente,
Um triste, outro sorridente,
Um chama? o outro não vai.
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Quando um entra o outro sai,
Acaba a sombra e a aba.
Um tenta guardar segredos,
Enquanto o outro se gaba.
Antes pensavam iguais,
Agora são dois rivais
E a relação desaba.
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Quando o amor acaba,
Também acaba o perfeito.
A casa fica pequena,
Da mesma forma é o leito.
É como um cristal quebrado,
Por mais que seja emendado,
Sempre fica algum defeito.
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Quando um fica insatisfeito,
O outro sente alegrias.
Esgota-se o repertório,
Acabam-se a fantasias.
Falência, tédio e carência,
Brigas por vã concorrência,
Corpos e almas vazias.
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Em tudo soam ironias,
De pequeno ou grande porte.
A parceria se acaba,
Ficando a mercê da sorte.
E quando não se separam,
Ódio um ao outro declaram
E às vezes acaba em morte.
*
Felizmente eu fui consorte,
De uma relação assim.
Por sorte deu pra evitar
a morte, a ela ou a mim.
Mas outro assim não almejo
e pra ninguém eu desejo,
Porque sei o quanto é ruim.
*
Como um amor chega ao fim,
Eu já sei tudo de cor.
Também já sei evitar,
Que o fim seja bem pior.
Hoje eu tenho um novo amor
E para o nosso favor,
Vamos tentar ser melhor.
*
Fim
02/11/2009