FILOSOFIA DE CORDEL

As linhas da minha poesia

são como rastros de cometa

num carretel desenrolado

medindo a testa do planeta

amarrando estrelas no céu

os aros de um lindo anel

apontamentos de caneta

Enroscam-se nos meus cabelos

Diluem-se no pensamento

embaralhando meus reflexos

medem as distâncias do tempo

enforcam bandidos safados

capando sujeitos tarados

separando gozo e tormento

Plantam arrozais lá na China

com elas atravesso o Nilo

faço pontes de amizade

estico as patas do grilo

vou depressa pra Alemanha

invento que doce é lasanha

compro alegria no quilo

Como se andasse no varal

desfazendo o laço da ema

parecem cordéis trançados

exibindo lindos poemas

enfeitando todos os versos

um tanto sem jeito - confesso

fazendo da arte meu lema

Juntando um monte de cores

deixam o azul ficar vermelho

pintando as obras de arte

com seu reflexo no espelho

borram tudo de amarelo

contudo o feio se torna belo

depois de rezar de joelhos

Esse catavento de versos

como num passe de magia

toca música numa lata

transforma lixo em poesia

encontra flores na sarjeta

manda pato bater punheta

plantando muita alegria

Como águas tranquilas do rio

o cordel é essa filosofia

que faz da vida uma festa

de graça, humor, simpatia

no semear da gargalhada

embora seja ruim a piada

devastando a melancolia

No mais essas linhas, afinal,

enternecem e tremem minha mão

circulando por todo o corpo

como artérias do coração

sem elas - que vida vazia!

meu castelinho ruiria

porque poesia é vida, é pão

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 29/11/2009
Código do texto: T1950167
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