FILOSOFIA DE CORDEL
As linhas da minha poesia
são como rastros de cometa
num carretel desenrolado
medindo a testa do planeta
amarrando estrelas no céu
os aros de um lindo anel
apontamentos de caneta
Enroscam-se nos meus cabelos
Diluem-se no pensamento
embaralhando meus reflexos
medem as distâncias do tempo
enforcam bandidos safados
capando sujeitos tarados
separando gozo e tormento
Plantam arrozais lá na China
com elas atravesso o Nilo
faço pontes de amizade
estico as patas do grilo
vou depressa pra Alemanha
invento que doce é lasanha
compro alegria no quilo
Como se andasse no varal
desfazendo o laço da ema
parecem cordéis trançados
exibindo lindos poemas
enfeitando todos os versos
um tanto sem jeito - confesso
fazendo da arte meu lema
Juntando um monte de cores
deixam o azul ficar vermelho
pintando as obras de arte
com seu reflexo no espelho
borram tudo de amarelo
contudo o feio se torna belo
depois de rezar de joelhos
Esse catavento de versos
como num passe de magia
toca música numa lata
transforma lixo em poesia
encontra flores na sarjeta
manda pato bater punheta
plantando muita alegria
Como águas tranquilas do rio
o cordel é essa filosofia
que faz da vida uma festa
de graça, humor, simpatia
no semear da gargalhada
embora seja ruim a piada
devastando a melancolia
No mais essas linhas, afinal,
enternecem e tremem minha mão
circulando por todo o corpo
como artérias do coração
sem elas - que vida vazia!
meu castelinho ruiria
porque poesia é vida, é pão