A guerra dos sexos> Autor: Damião Metamorfose.

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01=I

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Dizem que Deus fez o mundo,

De forma espetacular.

Porque fez tudo em seis dias

E parou pra descansar.

Gênesis conta em detalhes,

Mais ainda têm uns talhes...

Que a bíblia não quis contar.

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02=II

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Não quero contrariar,

A bíblia e os seus inscritos,

Longe de mim, Deus me livre,

Pois pode gerar conflitos.

Mas como eu nasci poeta

E tenho a mente inquieta,

Vou criar alguns atritos.

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03=III

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Os seus textos são benditos,

Verdade dita aos extremos.

Mas mesmo sendo verdade,

Em tudo aquilo que lemos.

Umas soam como fabulas,

Pois são ditas em parábolas...

Por isso não entendemos.

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04=IV

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Da forma que nós sabemos,

Deus criou o universo.

Ar, água, a terra e os seres...

Vivos e ainda disperso.

Citei aqui o que deu,

Também não tem como eu,

Encaixar todos num verso.

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05=V

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Nessa versão ou reverso,

Não pretendo contestar.

Como disse: Deus me livre,

A bíblia é um exemplar.

Que pode até ter versões,

Mas quem fizer distorções,

Não vai ter como provar.

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06=VI

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Não sou louco em duvidar,

Do livro que é mais vendido.

Por isso caro leitor,

Jamais se sinta ofendido.

Nem me julgue a revelia,

Sem humor o que seria,

Desse povo tão sofrido?

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07=VII

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Posso usar duplo sentido,

Na minha composição.

Fazer critica e denuncia,

Deixar uma interrogação.

Mas sempre busco a verdade,

Perfeição não, qualidade,

Conteúdo e diversão.

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08=VIII

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Por isso a minha versão,

Pra uns pode não ter nexo.

Falar de um livro sagrado,

É complicado e complexo.

Com a bíblia no conteúdo,

E o titulo um tanto sisudo,

Falando em guerra do sexo.

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09=IX

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Com calma eu sei que anexo,

O que pretendo explorar.

E até o mais fervoroso,

Em vez de me criticar.

Depois que ler e reler,

Vai me indicar e dizer,

Esse é doido de varar.

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10=X

Portanto vou te contar,

Como tudo aconteceu.

Com seis dias de trabalho,

Deus vendo aquele apogeu.

Sentiu uma baita canseira,

Deitou-se em sua algibeira

E ali mesmo adormeceu.

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11=XI

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Quando acordou, percebeu,

Que algo tinha esquecido.

Ao abrir a algibeira,

Deu um grito estarrecido.

Ao ver que ali estava,

A peça que procriava,

E unia o elo perdido.

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12=XII

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A um servo fez um pedido,

Dizendo corra ligeiro.

Distribuindo esses órgãos,

Ao seres do mundo inteiro.

Vá logo antes que apodreça

E por favor, não esqueça,

Nem erre o seu hospedeiro.

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13=XIII

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Os que estão com mau cheiro,

Ponha um pouco de sal.

Mas tenha muito cuidado,

Pra não errar o local.

Porque depois que colar,

Não tem mais como arrancar

E por em ou mortal.

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14=XIV

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Todo tipo de animal,

Já estava com fadiga.

Um querendo defecar,

Outro estourando a bexiga.

E tinha uns desmaiando,

Por não está aguentando,

Com tanta dor na barriga.

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15=XV

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Tentando evitar uma briga,

Uma fila foi formada.

Macho e fêmea separados,

Pra ficar organizada.

Ordem alfabética e com senha,

Quando o servo gritou venha!

Correram em disparada.

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16=XVI

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A fila foi desmanchada

Começou a confusão.

O servo saiu correndo,

Com medo da repressão.

Mas tropeçou e caiu,

A algibeira se abriu

E os órgãos foram pro chão.

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17=XVII

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Mordidas, coice e empurrão...

Esturros dizendo: é meu!

Devolva-me pegue outro...

Vire-se e procure o seu...

Melaram tudo com terra

E foi tão grande essa guerra,

Que o dia escureceu.

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18=XVIII

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No final ninguém morreu,

Exceto: alguns machucados

Devido o empurra, empurra,

Uns órgãos foram trocados.

Uns com mais outros com menos,

Grandes com órgãos pequenos

E pequenos bem dotados.

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19=XIX

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Os que chegaram atrasados,

Ou se deram por vencido.

Ganharam um órgão só,

Que tem um duplo sentido.

Por está quase estragado,

Teve que ser implantado,

Num lugar bem escondido.

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20=XX

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Os com cheiro mais ardido,

Que até de longe se sente.

De forma mais estratégica,

Foi posto embaixo e na frente.

Com um aviso dizendo...

Para não ficar fedendo,

Lave-o bem diariamente.

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21=XXI

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Quem não tinha o sangue quente,

Como alguns invertebrados.

Receberam os dois órgãos,

Dos dois sexos conjugados.

A minhoca teve sorte,

Se alguém parti-la com um corte,

Cresce em corpos separados.

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22=XXII

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Entre os bichos vertebrados,

O cão não estava contente.

Porque quando encontrava,

Outro de raça ascendente.

Além de cumprimentar,

Ciscava e ia cheirar,

Lá atrás e não na frente.

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23=XXIII

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O porco era descontente,

Reclamando o dia inteiro.

Porque a mulher era porca

Dentro e fora do chiqueiro.

E por não poder sentar,

Com órgão complementar,

Implantado no traseiro.

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24=XXIV

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Já o veado galheiro,

Estava inconformado.

Em todo o lugar que ia,

Mesmo estando acompanhado.

Ouvia sempre um gaiato...

Dizer, ou destino ingrato,

Além de corno é viado.

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25=XXV

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O touro estava arretado,

Porque a mulher era vaca.

O boi porque foi castrado,

Queria brigar de faca.

E o guiné ficou pedrês,

Porque a guiné toda vez,

Dizia a ele estou fraca.

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26=XXVI

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O macaco e a macaca,

Quase acaba o casamento.

Porque a macaca olhou,

A performance do jumento.

E o veado quando viu,

Gritou... Nossa! Hei psiu,

Menino, quanto talento.

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27=XXVII

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O burro estava cinzento,

De raiva inchava a venta.

Dando coice até na sombra,

Virado numa pimenta.

Só porque ouviu o galo,

Chamar seus pais de cavalo,

Égua jumento e jumenta.

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28=XXVIII

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A crise mais violenta,

Aconteceu no poleiro.

Porque um peru cantou,

A mulher de um companheiro.

E a pata pegou o pato

E a galinha dando um trato,

Lá no outro galinheiro.

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29=XXIX

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O bode pai de chiqueiro,

Não queria tomar banho...

Pra não tirar seu perfume,

Nem se afastar do rebanho.

Acho que desconfiava,

Porque o chifre enrolava

E aumentava o tamanho.

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30=XXX

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O lagarto estava estranho,

Contando ao camaleão.

Que a lagartixa estava,

De caso com o furão.

E que o sapo cururu,

Participou de um vodu,

Com a cadela e o cão.

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31=XXXI

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Também disse que o pavão,

Tinha um pacto com o diabo.

Por isso era o mais bonito,

Mas não passava de um pabo.

Porque a sua patroa,

A digníssima pavoa,

Só andava abrindo o rabo.

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32=XXXII

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O servo já estava brabo,

E falou pros animais.

Tanto trabalho que eu tive,

Com seus órgãos genitais.

E em vez de estarem se amando,

Vocês vivem é brigando,

Por motivos tão banais...

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33=XXXIII

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Convocou os principais,

Envolvidos nessa guerra.

E disse: agora eu vos deixo,

A minha parte se encerra.

Mas nesse mundo dos vivos,

O sexo é um dos motivos,

De algumas guerras na terra.

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34=XXXIV

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D*eus é perfeito e não erra,

A* gente é que tem errado.

M* atando em nome do amor,

I*nventamos o pecado.

A*guerra é de cada um...

O* sexo é um ato sagrado.

*

Fim

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18/11/2009

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 19/11/2009
Código do texto: T1931824
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