O VAGA-LUME E A SERPENTE
Certa feita, cintilante,
Piscando pela floresta,
Um vaga-lume radiante,
Fazia da vida festa
Quando surgiu, de repente,
Uma ardilosa serpente
Que queria lhe comer.
Ele fugiu, assustado,
Daquele bicho danado,
Sem a conduta entender.
A batalha persistia
Pela noite afora, então,
Mas o inseto pararia
No meio da escuridão.
Vencido pelo cansaço,
Respirou ele um pedaço
Num ramo de margarida.
Quis saber do seu algoz
A razão de estar feroz
Querendo ceifar-lhe a vida.
Perguntou, confuso, o inseto
Para seu perseguidor:
"Não acho que isso é correto!
Esclareça, por favor.
Pra você fiz algum mal?"
Respondeu o animal:
"Nunca me fez, reconheço!"
"Pra quê a perseguição?
Concorda comigo, irmão?
Isso tudo não mereço!"
O vaga-lume acuado,
Sem enxergar um motivo,
Perguntou: "sou um coitado,
Por que não me deixa vivo?"
Foi-se a outra, rastejando,
E disse, quase bufando:
"Por total necessidade!
Quer saber, escute, filho.
Não suporto ver seu brilho!
É essa toda a verdade..."
* Adaptação da famosa fábula.