A ocasião faz o ladrão!
É uma falácia crer
Que só político é ladrão
Antes de se eleger
Ele era um cidadão
Que cresceu sendo amestrado
Para ser um cara “esperto”
Os “babacas” do outro lado
Precisam de um líder, certo?
Quando foi para a escola
Estudar era vergonha
Pra que existe a cola?
Deixa o estudo pro pamonha
Sem caráter, sem valores
O pimpolho vai crescendo
Neste circo de horrores
Sua máscara vai tecendo
Compra o guarda na esquina
Que veio lhe dar incerta
Depois olha pra latrina
Tirando o seu da reta
Só enxerga o próprio umbigo
Numa ambição abissal
Desconhece o ser amigo
Coisa tola e tão banal
Dar o golpe é o que interessa
O que quer é se dar bem
Se for pego, sai com essa:
"Todos fazem, que mal tem?
Como diz o velho ditado
A ocasião faz o ladrão
Olhando em volta, ao lado
Parece que tem razão
Rouba o guri no sinal
Rouba o rapaz na esquina
Rouba o juiz no tribunal
Rouba o menino e a menina
Num país que não tem ética
Onde o jeitinho fez fama
A escolha pouco eclética
Causa furor, deita cama
Como vulgar meretriz
A se vender por tostão
Assim atua o petiz
Vendendo seu coração
Vendido por qualquer migalha
Por trinta moedas ou menos
Por qualquer coisa que valha
O que um dia foi sonho ameno
E o nosso herói às avessas
Termina por candidato
Cheio de lábia e promessas
O que ele quer é um mandato
Promete mundos e fundos
Pra uma platéia inaudita
Em seu discurso imundo
Triste de quem acredita
E por incrível que possa
O “homem” vence a eleição
Sob discurso se empossa
Já antevendo o milhão
Que com base na falcatrua
Na sua conta vai dar
Seja no gabinete ou na rua
O negócio é prevaricar
E assim vai mandato afora
Pondo e dispondo do erário
Não faz conta de dia ou hora
Tudo se soma ao salário
Tem verba de paletó
Tem verba de gabinete
Tem verba pra viajar só
Tem verba para banquete
E é tanta verba que a língua
Já nem consegue nomear
Enquanto o eleitor morre a mingua
V. Excelência não se roga ignorar
E neste mundo bastardo
Sem lei, sem ética, sem luz
Onde o povo é um fardo
Onde o povo é uma cruz
Que só na campanha interessa
Por serem gado pro abate
Aonde se mata sem pressa
Com uma astúcia mascate
E eleição após eleição
V. Excelência se elege
Com seu roto ramerrão
Cada eleição é um frege
E o “pobre” do eleitor
Tão “inocente”, “coitado”
Cumprimenta o “seu” Doutor
Enquanto é “enganado”
Mas, enganos tem limites
Errar uma vez é humano
Na segunda não facilite
Não dê seu voto pro afano
Não vote em cobra criada
Nem em doutor fanfarrão
Já conhecemos a cilada
Escondida na eleição
E quando a ganância em roubar
Subiu morro, rolou barranco
Se não tem em quem votar
É melhor votar em branco!!!
Enquanto isto do outro lado
Temos sempre um empresário
Jogando um jogo safado
A oferecer honorário
A comprar com suas propinas
A quem quiser se vender
Faz festas, aluga meninas
Para o parlamentar se entreter
Compra voto, faz miséria
“Apoiando” “seu” candidato
Do eleitor diz em pilhéria
“Este é o mais barato”
Na verdade não custa nada
É um “inocente” útil
Com sua fé arraigada
Com um ponto de vista fútil
Mas que sonha talvez um dia
Em que fosse candidato
Ganhar uma eleição, que alegria
Estaria unido aos ratos
E como bom roedor
Que traz de berço o condão
Sente-se, também, um doutor
Estando em meio a ladrão.
E quem quiser que conteste
O que por ora lhes digo
Em terra de cafajeste
O bom mocinho é perigo
O que incomoda ao povo
Não é bem a espoliação
O que incomoda, ao povo
É a falta de ocasião
De poder dar um trambique
Fazer qualquer armação
Depois dizer em debique
A OCASIÃO FAZ O LADRÃO