INUNDAÇÃO - Uma história de amor...
Era uma vez uma ilha
Lá nos rincões do sertão
Onde os sentimentos todos
Bem antes da Criação
Moravam todos reunidos
Antes de serem partidos
Por uma naufragação.
Lá a Alegria e a Tristeza
Eram uma coisa só
Havia tanta união:
Água, fogo, vento e pó
Que em cada sentimento
Era tal o inteiramento
Qual as bandas de um jiló.
E, por fim, também o Amor
Morava naquela ilha
E todos que lá estavam
Diziam: - Que maravilha!
Até que chegou o dia
Daquela dura partilha.
- A ilha vai afundar...
Foi assim que lhes falaram
- A ilha vai afundar...
Então todos se apressaram
E havia um só pensamento
Fugir daquele tormento
E em suas barcas adentraram.
E todos os sentimentos
Nos barcos iam partindo
E onde existia uma ilha
Só água ia surgindo
E era um total rebuliço
Por causa do embarcadiço
Pois todos iam fugindo.
Mas... o Amor permaneceu
Querendo ainda ficar
Até o último momento
Antes da ilha afundar
E foi assim que ele fez
Tão grande era o seu amar
Foi quando caindo em si
Viu que estava a se afogar
E como não tinha um barco
Pôs-se bem alto a chamar
Nisso passou a Riqueza
E o Amor foi lhe falar:
- Riqueza me dê socorro
Eu estou a me afogar!
E a Riqueza respondeu:
- Como hei de te ajudar?
Em meu barco o meu tesouro
Muita prata e muito ouro
Não há para ti lugar.
Nisso passou a Vaidade
E o Amor foi lhe falar:
- Vaidade me dê socorro
Eu estou a me afogar!
E a Vaidade tão vaidosa
Respondeu em verborosa
- Como hei de te ajudar?
Você está todo molhado
E o meu barco é todo novo
E sujeira aqui não entra
E se aparece eu removo
Procure um outro barco
Pois nesse só eu embarco
O teu pedido eu demovo.
E o Amor viu a Tristeza
Sozinha em seu navegar
- Tristeza me dê socorro
Eu estou a me afogar!
E a Tristeza respondeu
Do seu grande coliseu:
- Sozinha eu quero ficar.
Também passou a Alegria
Tão alegre em seu cantar
Tanto barulho fazia
Nada podia escutar
E nem sequer percebeu
Por causa do jubileu
O Amor, ali a chamar
E embora tão persistente
Incansável é o amar
A ilha toda submersa
O Amor se pôs a chorar
Foi quando naquele instante
Uma voz tão retumbante
Ao Amor, pôs-se a chamar
Era uma voz muito velha
Daquele que o socorreu
E por estar tão feliz
O Amor até se esqueceu
De lhe perguntar o nome
E nem mesmo o seu cognome
O Amor sequer conheceu.
Ao chegar do outro lado
Da margem, ele perguntou:
- Amiga Sabedoria
Diga-me, quem me salvou?
E sem nenhum contratempo
Ao Amor, ela falou:
- Quem te salvou foi o Tempo!
Disse e sorriu para o Amor
- Por que só o Tempo me trouxe?
Na voz, um grande dulçor
- Porque só o Tempo é capaz
Ajuda e é eficaz
Pra entender tão grande Amor.
Releitura de uma pequenina história
Retirada do programa Sathya Sai Educare –
Educando com valores Humanos, pg. 155
Moses ADAM
Ferraz de Vasconcelos, 1509/2009