O pior tipo de gente II> Autor: Damião Metamorfose.

*

O pior tipo de gente,

Que tem nesse mundo inteiro.

Que é ultimo em quase tudo,

Só na ruindade é primeiro.

Vou expor nesse cordel,

Cem por cento verdadeiro.

*

Não gosto de arruaceiro,

Acho o fofoqueiro um fraco.

desocupado não presta,

não gosto de puxa saco.

Mas de todos que não gosto,

No topo fica o velhaco.

*

Essa raça num buraco,

Com sete palmos de chão.

Se eu pudesse mandava,

Um a um sem exceção.

De forma que não voltasse,

Nem em outra encarnação.

*

Velhaco é obra do cão,

Ou é a sobra da sobra.

Enquanto não dar um golpe,

Fica fazendo manobra.

Se morou no paraíso

Decerto ele era a cobra.

*

O velhaco se desdobra,

Pra ferrar o seu destino.

Inventa que os pais morreram,

Chora e finge desatino,

Pra justiça é inadimplente...

Mas é caloteiro fino.

*

O velhaco é assassino,

Das coisas boas da vida.

Assassina o próprio nome,

Portanto é um suicida.

Para não cruzar com um,

Mudo até de avenida.

*

Também é um homicida,

Quando está em ação.

É sempre um ótimo cliente,

Se o assunto é prestação.

Mas na hora de pagar,

Não dar nem explicação.

*

Velhaco é sem coração,

Sem vergonha e sem limite.

Quando prepara um bote,

Faz com que se acredite.

Que é pessoa do bem

Ai não tem quem evite!

*

Te elogia e dar palpite,

E é cheio de quasquascá.

Quando não engana aqui,

Sacaneia acolá.

Promete mundos e fundos,

Mas não tem nada pra dá.

*

Velhaco tem patuá,

Pelo diabo é protegido.

Não tem nada a ver com Deus,

Essa raça de bandido.

Se eu pudesse era olhar...

Já deixava um caído.

*

Falso nojento e fingido,

Mas finge ter lealdade.

Leva a vida na esbórnia,

Mas sempre em sobriedade.

Que é melhor pra dar um golpe,

Se houver necessidade.

*

O velhaco tem ruindade,

Perspicácia e safadeza.

Passa dias, meses ano,

Estudando a sua presa.

Para poder desarmá-la,

Deixando-a sem defesa.

*

Deixando a presa indefesa,

Tudo que ele quer arruma.

Sua conversa é suave,

Igual a brisa na pluma.

Mas duvido que depois,

Alguma coisa ele assuma.

*

Velhaco é pior que bruma

Embaçando o seu olhar.

Um larápio descarado,

Treinado pra enganar.

Na arte da velhaquice,

Tira o primeiro lugar.

*

Quando vem pra aplicar,

Estuda bem o caminho.

Mapeia a sua rotina,

Seja um ausente ou vizinho.

Às vezes age em grupo,

Mas acha melhor sozinho.

*

Velhaco anda no linho

Usa um bom chapéu de massa.

Sapato bom e bonito,

Mas por onde ele passa.

Todos que vêem já sabem...

Que ele ganhou com trapaça.

*

O velhaco é uma desgraça,

Mas tem conversa sadia.

Quando ele escolhe a vitima,

Vai com a voz bem macia.

Bota das nuvens pra cima,

Só pra ter o que queria.

*

Se eu pudesse não teria

Um velhaco pra semente.

Exterminava um por um,

Mandava passar o pente.

Porque o velhaco é...

O pior tipo de gente.

*

Ele se finge de crente,

Mas um salmo ele não leu.

Quando fica sem nenhum,

Não tem nobre nem plebeu,

Se não honra o próprio nome,

Pense! O que faz com o seu?

*

O velhaco é um ateu,

Um descrente da verdade.

Vive no seu mundo sujo,

Não por ter necessidade.

É só porque é dotado

De mau caráter e ruindade.

*

Se fizer uma caridade,

Ou qualquer outra decência.

Em pouco tempo ele volta,

Demonstrando decadência.

Desarma-te de um jeito,

Rouba até a consciência.

*

Não tenho nem paciência,

De conversar com velhaco.

Mando logo ir as favas,

Dar no pé ou ir pro saco.

Caçar ninho de jumento

Ou pentear um macaco.

*

Eu já morei com velhaco,

Sei bem o que estou dizendo.

Tomara que algum leia,

O que estou escrevendo.

Dê um cano em outro e pague,

O que está me devendo.

*

Meu sangue fica fervendo,

Só em falar dessa peste.

Essa raça sem futuro,

Que não passa no meu teste.

Quer ter raiva igual a mim?

Pegue o que é seu e empreste.

*

Não conheço um que preste,

Pra mim tudo é sem futuro.

Não arromba sua porta,

Nem teto nem pula o muro.

Mas invade a sua mente,

Sempre com um golpe seguro.

*

Se eu ver um em apuro,

Eu mudo até de caminho.

Nem que eu tenha que trilhar,

Entre buraco e espinho.

Só para não ter contato,

Com esse ser tão mesquinho.

*

Prefiro viver sozinho,

Do que mal acompanhado.

Muito mais se for pra ter,

Velhaco como aliado.

Se vier comprar eu dou,

Só pra não vender fiado.

*

O que ganhei foi suado,

Sempre com honestidade.

Mas inventei de morar,

Com uma velhaca de verdade,

Deu cano em tudo o que pode,

Depois levou a metade.

*

Raça sem capacidade,

Sem futuro e sem coragem.

Pobre, podre e desonesta,

E rica em picaretagem.

Se for pra ir pro inferno,

Deixe que eu pago a passagem.

*

Só pensam em vadiagem,

Trabalhar que é bom nem fala.

Nenhuma raça do mundo

Ao velhaco se iguala.

É tão ruim que não paga,

Nem o valor de uma bala.

*

Da cozinha, quarto ou sala,

Do cigarro ao cinzeiro.

Supermercado e farmácia,

A quitanda e o leiteiro.

Se você vender fiado,

Perde amizade e dinheiro.

*

O velhaco é presepeiro,

Covarde, vil, sem vergonha.

Descarado e intrometido,

Carregado de peçonha.

Leva a vida no arame,

Mas compra tudo que sonha.

*

Quem duvidar que se oponha,

A tudo que estou dizendo.

Abra a porta pro velhaco,

Venda o que ele está querendo.

Que você vai à falência

E ainda fica devendo.

*

Quem ler vai ficar sabendo,

Que essa raça não presta.

Portanto não baixe a guarda,

Que o velhaco faz a festa.

Leva tudo e deixa um nome...

De trouxa na sua testa.

*

Essa raça é indigesta,

Que você não sabe o quanto...

Tem quem não parece e é,

Mesmo com cara de santo.

Ta dentro da sua casa,

Na rua, em tudo que é canto.

*

Com cautela eu te garanto,

Que você o identifica.

Velhaco é bom de conversa,

Fala, fala, explica, explica.

Mesmo sendo muito pobre,

Tem um tio ou tia rica.

*

Eu já te dei tanta dica,

Acho que já entendeu.

E se não, eu desconfio,

Que o cordel você nem leu.

Ou tu também és velhaco,

Igual ao que roubou eu.

*

Mas isso é problema seu,

Não sou sua palmatória.

Pelo sim ou pelo não,

Preste atenção nessa Historia.

E não tente me enganar,

Que eu tenho boa memória.

*

E não fique a contar gloria,

Porque isso eu também fiz.

Pensei que eu era esperto,

Mas como o ditado diz:

-Não existe velho ou novo,

Que não seja um aprendiz.

*

Acho que pra ser feliz,

Não precisamos roubar.

Mentir, trair, dar calote,

Ter prazer em enganar.

Eu sou feliz do meu jeito...

-É pior pedir que dar.

*

Nunca precisei matar

Se eu matei foi sede e fome,

É tão gostoso ganhar

Pagar o que veste ou come.

E ouvir da boca do mundo,

Dizendo esse honrou seu nome.

*

O velhaco não assume...

Leva uma vida obscena.

Não constrói e só destrói,

Tudo que toca envenena.

Vive na escuridão,

Não é digno nem de pena.

*

Velhaco é gente pequena,

Podre, pobre e leviana.

É calhorda desprezível,

Até dormindo ele engana.

É o pior tipo de gente,

Em toda a espécie humana.

*

D-essa raça desumana,

A-inda que seja amigo.

M-ulher, pai, mãe ou um filho,

I-rmão ou parente, eu digo.

A hora que eu descobrir.

O-u muda ou não vai comigo.

*

Fim

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 03/11/2009
Reeditado em 03/07/2011
Código do texto: T1902229
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