A fantasia fez brincadeira.

Flor amarela, eu te convido

Vem comigo ver o mar

Esquece tua tristeza

Vem ver, amor, que beleza

As conchinhas no caminho

Pra nossa alma brincar

Faremos castelos na areia

Habitados de ilusão

Onde haverá príncipe e princesa

Lá fora fica o vilão

Seremos rei e rainha

A habitar o castelo

Feitos de água marinha

Para ficar mais singelo

Ergueremos nossas torres

Reforçadas com conchinhas

Que darão sustentação

Para nossas bandeirinhas

E lá em cima, no mastro

Tremulando, nosso brasão

Feito de papel de sorvete

Sendo o nosso bastião

Colocaremos nas vigias

nossos melhores soldados

Feitos de galhos pequenos

Pequenos galhos quebrados

Travaremos grandes batalhas

Pra defender nossas terras

Contra a invasão de inimigos

Soldados prontos pra guerra

Soldados que vêem de longe

Com seu andar engraçado

Não caminham para a frente

Caminham meio de lado

As mãos são garras fortíssimas

A armadura é a carapaça

Saindo de furinhos na areia

Prontos pra qualquer trapaça

Encontrarão nossas tropas

Já prontas para o combate

Com suas armas de guerra

Feitas com engenho e arte

Lanças de palitos de fósforo

De tampinhas são os escudos

Espadas feitas de espinhos

Espinhos pontiagudos

Na frente virá o príncipe

Montando um cavalo branco

A proteger a donzela

A defender o seu flanco

Iniciada a batalha

As tropas a se enfrentarem

Ouve-se o tinir das espadas

Faiscando ao se encontrarem

Após duríssima luta

Vencido o inimigo

Os soldados voltam ao castelo

Pois já não há mais perigo

O risco agora é o mar

Embarcado em sua galé

Vem atacando com ondas

Na subida da maré

E quando chegar a maré

Pro nosso castelo levar

Nós nos poremos de pé

Reforçando nossas defesas

Com palitos de picolé

Porém este inimigo é forte

Já não se pode enfrentar

O castelo está à mercê

Só dos caprichos do mar

E assim feito de sonho

Povoado de sentimento

Veremos as águas do mar

Levá-lo a qualquer momento

As ondas vêm balançando

Num jogo de vai-e-vem

Vão umedecendo o sonho

E a fantasia também

E o incessante bater das ondas

Vai dissolvendo o castelo

Devolvendo para a areia

O nosso sonho tão belo

E assim como na vida

Onde tudo tem tempo e hora

Do mundo do faz de conta

Também tem-se que ir embora

Mas levamos gravados na alma

Todos os momentos vividos

De sonho e de fantasia

Intensamente sentidos

Ao findar a última luta

As ondas do mar venceram

Depositando na areia

Aqueles que combateram

Desfeito nosso castelo

Onde a ilusão fez morada

Vamos indo, Flor Amarela

Que a vida é sonho ou nada

Vem comigo, minha querida

Vem ver o sol no horizonte

A beijar as águas mansas

A deitar atrás dos montes

Roçando a aba da noite

Que não demora a chegar

A fantasia fez brincadeira

É hora de terminar

Um “cheiro” pra todo mundo

Ponto final pra acabar.