Porque havia o amor.
E porque havia o Amor
Nada era em demasia
Tudo tinha o seu valor
Nada, nada se excedia
A mão estendida ao homem
O abraço dado no amigo
O pão para quem tem fome
O que é joio, o que é trigo
A canção vinda da alma
O óbulo do fariseu
A doce música que acalma
O que é meu, o que é teu
O sonho sonhado só
A vida vivida junto
A estreiteza da mó
A força de um conjunto
O nascimento da flor
A correnteza do rio
O surgimento da dor
As ondas no mar bravio
A estrela a brilhar no céu
O vento em torvelinho
O artista com seu pincel
A singeleza de um carinho
A mão que cuida da chaga
A rosa com seu espinho
O doce olhar que afaga
A ave a cuidar do ninho
O inefável som de um canto
A tarde beijando o dia
O triste ouvir de um pranto
O tempo de uma agonia
A chuva roçando a terra
A ave em migração
A estupidez da guerra
A frieza do canhão
O vigoroso toque do sino
A luz na escuridão
O orvalho matutino
O estrondo do trovão
A semente que cai na terra
A ternura do luar
O vento abraçando a serra
A flor na brisa a bailar
Tudo tinha tempo certo
Tudo tinha sua medida
Quando o amor redescoberto
Regia tudo na vida