JUVENAL: o cachorro que virou humano
Na igreja Juvenal ia refletindo
O que diabo eu falarei ao sacristão
Pensei muito e tive a conclusão
Vou dizer que estou arrependido
Ter nascido como cão esquecido
Se este padre não quiser me ajudar
Eu o irei logo dele, sim reclamar
Ou então, vou direto, mesmo lhe morder
Sua perna, para ele assim logo correr
Mas, espero dele, eu não judiar
Pois estou querendo, sim melhorar
Para saber realmente como fazer
Não nasci como cão para desfazer
Quero, no humano eu me inspirar
Assim, portanto, ei de me ajeitar
Se essa história de eu ser animal
Parece trazer só algo irracional
Pois imagino eu um dia conhecer
Querendo me educar para aprender
Como todo aquele que é um genial
Mas, o padre não vai correlacionar
Vai me chamar no canto e algo dizer:
'Meu filho, você quer me enlouquecer?”
Fiquei sem saber o que eu ia lhe falar
Vou tentar, mesmo assim, argumentar
Pois me resta, querer ter alegria
E vejo no humano, uma sabedoria
Na igreja, se quiser, vou até como cristão
Se ele autorizar esta revolução
Para eu ter cada vez mais novo dia
Cheguei no padre e logo eu expliquei
Ele me olhou na cara e até perguntou
'Filho meu, parece que me estranhou?'
Eu lhe disse 'não', e nem com ele resmunguei
Seu padre quero humano e mudarei
O padre de nada acreditava
E dizia que o mundo se acabava
Até cão, humano, agora quer virar
Passa dias e novo mundo vão fundar
Não arredei pé, quando ele interrogava
O padre olhou com sua exata visão
E virou para mim, logo me disse
Você está certo ou é maluquice?
Eu respondi de jeito de prontidão:
Quero agora, sair dessa de ser cão
E expliquei que eu queria trabalhar
Ele disse: larga de querer inventar
Eu lhe falei: quero ter um serviço
Ele olhou e falou: filho, pára disso!
Eu, duro feito pedra não ia arredar
Nesta confusão houve contradição
O padre, falou, 'posso autorizar'
Mas, difícil ia, do bispo aceitar
Cão incrédulo, eu darei a permissão
Mas, não me fale isso à população
Eu, fui embora bem agradecido
Nem pensei em ficar arrependido
Mas sim: 'agora, vou é a algum trabalho'
E assim matutei: 'não mais me malho'
Neste mundo de uns, enfraquecido
No outro dia logo cedo acordei
Tomei banho e de casa pra já sair
Já sabia onde ia naquele dia seguir
E ao centro da cidade endireitei
Tinha bastante carro e lá enxerguei
Perguntei lá na rua, como trabalhar
Meus colegas ficaram a gargalhar
'Você tá doido, esqueceu: é animal'
Nós achamos que está é muito mal
Mesmo assim não liguei e fui andar
trecho do livro que estou escrevendo.