Triste Chegada (Consciência Negra)
Triste Chegada (Consciência Negra)
Eu era feliz
Lá no meu país
Nascia, crescia
Casava também
Vivia pescando
Colhendo, caçando
As vezes plantando
Tava muito bem
O branco chegou
A paz acabou
Se fez de senhor
Prendeu meu irmão
Numa covardia
Qual mercadoria
Ali o vendia
Pra escravidão
Em negros navios
Vinham ao Brasil
Uma vida hostil
Iriam encontrar
Deixavam pra traz
Seus amigos e pais
Viviam sem paz
Neste lugar
Trabalho forçado
E escravizado
O pobre coitado
Vivia a sofrer
Não tinham direitos
Nem liberdade
Na infelicidade
Tinham que morrer
Em terras baianas
Plantavam a cana
Para os bacanas
Se enriquecer
E quando “erravam”
Eram humilhados
Também castigados
Até “aprender”
Perderam os costumes
A religião
A língua, a nação
Perderam também
Moravam em senzalas
Morada precária
Cinqüenta por área
Nem janelas têm
O negro escravo
Tão forte, tão bravo
Nem mesmo um centavo
Podia ganhar
Até a comida
Era mal servida
Contraste de vida
Do seu lugar
Nem todo escravo
Porém se calava
Não se conformava
Tentava fugir
Eram perseguidos
Por homens treinados
Tão fortes, armados
Para impedir
Porém a razão
Da escravidão
O meu coração
Não consegue entender
Que barbaridade
Negar liberdade
A quem na verdade
Nasceu pra viver
Caneta e papel
Um sinal do céu
A Princesa Isabel
A lei assinou
Assim aboliu
A escravatura
A vida tão dura
Que o negro passou
O tempo passou
Já faz alguns anos
O negro faz planos
Já pode escolher
Mas o preconceito
Ainda existe
Embora resiste
Nós vamos vencer
E sem preconceito
A todos convido
Abrace o amigo
Querido irmão
Se é negro ou branco
Isso não importa
Abra a porta
Do seu coração
Renato Brial