A terra do faz de conta> Autor: Damião Metamorfose.

*

Dizem que Deus fez o mundo,

Em sete dias somente.

Sendo só seis de trabalho,

Um pra descansar a mente.

Pelo sim ou pelo não,

O que não tem perfeição,

Tenho que ser coerente.

*

Eu acho insuficiente,

Pouco tempo para tanto.

Mesmo ele sendo o mestre,

Pai filho e espírito santo.

Da forma que foi contado,

Eu fico desconfiado,

Nem afirmo, nem garanto.

*

Duvidas pra lá por enquanto...

Vamos ao que interessa.

A verdade é que o mundo,

É bonito e bom à beça.

Deus o fez e foi bem feito,

Se ficou algum defeito,

Foi só por causa da pressa.

*

A gente às vezes se estressa,

Sem nenhuma precisão.

Fica botando defeitos,

Exigindo a perfeição.

Quando podia mudar

O mundo ou aceitar,

Evitando a exaustão.

*

Palavras ditas em vão,

Nunca resolveram nada.

Não vão mudar a historia,

Nem a nossa própria estrada.

Muitas vezes o defeito,

Ta em quem não ver direito,

Essa obra abençoada.

*

A historia a ser contada,

Tem tudo a ver com isso.

Porque é sobre um lugar,

Onde o povo é omisso.

Não faz nem aperfeiçoa,

Mas convivem numa boa,

Sem ser ou ter submisso.

*

Lá ninguém tem compromisso,

E se alguém tem não assume.

Mas só tem paz não tem guerra,

Nem desigualdade e fome.

Todos vivem muito bem,

Com os defeitos que têm,

Mesmo sem honrar o nome.

*

Nessa terra é de costume,

Patrão fingir em mandar.

O empregado também,

Finge que vai trabalhar.

Político quando é eleito,

Finge que vai ser direito,

Depois finge não lembrar.

*

A policia do lugar,

Finge que prende o bandido.

Ladrão finge ser honesto,

Pra não viver escondido.

E o cidadão local,

Finge que tudo é normal,

Mais diz que não é fingido.

*

Mulher finge que o marido,

É o único em sua vida.

O homem por sua vez,

Paga na mesma medida.

Fingindo que a mulher,

Faz tudo o que ele quer,

Por isso não é traída.

*

Alcoólatra diz que a bebida,

A ele só faz o bem.

Fumante diz que o cigarro,

Não causa câncer em ninguém.

E o morador de rua,

Não diz mais se insinua,

Que casa não lhe convém.

*

Ali nunca passou trem,

Mas tem uma estação.

Também fizeram uma ponte,

Mas não tem nem ribeirão.

A igreja é fechada,

Nunca foi inaugurada,

Por falta de um cristão.

*

O padre é um beberrão,

Mas finge que já parou.

Meia cinco de batina,

Nem casou nem batizou.

Fingiu ter currículo vasto,

O clero achou que era um casto,

Fingiu que o aposentou.

*

O açougueiro parou,

De abater animais.

Hoje é um defensor,

De alimentos vegetais.

Quando vê carne se enoja,

Só come e vende a de soja,

E diz que ganha bem mais.

*

Lá não existem hospitais,

Mas se um fica doente.

Procura uma benzedeira,

Que é muito experiente.

É vidente e é parteira,

Medica e enfermeira,

Mas não dar expediente.

*

“Faz de conta” antigamente,

Enfrentava preconceito...

Mais depois que descobriram,

Que o mundo não é perfeito.

Radicalizaram tudo

Elegeram um surdo-mudo

E cego para prefeito.

*

Esse depois de eleito,

Decretou em edital.

Que ia cortar a luz,

Por achar isso normal.

E fez um ano de festa,

Com festa ninguém protesta,

Depois liberou geral.

*

Mandou vir da capital,

Um contador de piada.

Para manter o seu povo,

Rindo e de mente ocupada.

Com seu povo satisfeito,

Ninguém perturba o prefeito,

Enquanto ele não faz nada.

*

Juntou-se com a empregada,

Separou da verdadeira.

Mandou a empregada embora,

Casou com a benzedeira.

-O cego era tão direito,

Mais depois que foi eleito,

Já caiu na bagaceira...

*

Dizem que em dia de feira...

O homem se desmantela.

Bebe e não volta pra casa,

Dorme na casa amarela.

E ao voltar pra casa dele,

Se a mulher não bate nele,

Ele é quem apanha dela.

*

Mas a cidade é tão bela!

Céu azul ou estrelado.

O lixo que cobre as ruas,

Deixa o chão atapetado.

-E aquele que reclamar,

A lei agora é andar,

Com o rosto encapuzado.

*

Há tempos foi liberado,

Mulher casar com mulher.

O Homem casar com homem

Ou com os três se quiser.

Por falta de perfeição,

Pra tudo tem eleição,

Mas ganha quem ele quer.

*

Quando o futuro vier,

Lá nem precisa futuro.

Porque os fazdecontenses,

Há tanto tempo no escuro.

Não vão nem querer mudar,

Vão optar por ficar,

Votando encima do muro.

*

Com medo que o ar puro,

Seja logo poluído.

Ou que as cidades grandes,

Exportem algum bandido.

Pra não mudar seu jeitinho,

Vão escolher o ceguinho,

Com seu jeitinho fingido.

*

E o direito adquirido,

De ter festa o ano inteiro.

Trabalhar quando quiser,

Viver com pouco dinheiro.

Duvido que alguém queira,

Deixar essa brincadeira,

Para viver em cativeiro?

*

Esse povo tão festeiro,

Não vão aceitar afronta.

Vão é construir um muro

E cercar de ponta a ponta.

Sua cidade e país,

Pra continuar feliz,

Vivendo do faz de conta.

*

D-ei resposta e fiz pergunta,

A-umentei, denunciei.

M-ostrei pontos positivos,

I-nverti e inventei.

A-cidade é verdadeira,

O-u faz de conta... não sei.

*

Fim

*

27/10/2009.

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 28/10/2009
Código do texto: T1891374
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