Feijoada nordestina> Autor: Damião Metamorfose.

*

Gosto demais do nordeste,

É a minha terra natal.

Nasci me criei e moro,

Bla, bla, bla, bla e coisa e tal.

Mas sou sino com badalo,

Se não gosto, não me calo,

Achem-me ou não normal.

*

Tento ser original,

Seja no teste ou reteste.

Jamais digo que é bom,

O que acho que não preste.

Não sou melhor nem pior,

Mas tem coisa que é melhor,

Quando é feita no sudeste.

*

Não sei se em todo o nordeste,

A feijoada é assim...

Mas aqui onde eu moro,

Eu posso afirmar que sim.

Talvez a pior comida,

Que já vi na minha vida,

Pense num bocado ruim!

*

A feijoada pra mim,

Tem pé orelha e costela.

Paio e carne de sol,

Couve e farofa amarela.

Linguiça, bacon e lombinho,

Enfim o porco todinho,

Tem que fazer parte dela.

*

Ainda vem por tabela,

A laranja descascada.

Molho de caldo e pimenta,

Caipirinha caprichada.

Ah! Também tem feijão preto,

Feita assim eu não prometo

Garanto, é uma feijoada.

*

Na hora que é preparada,

Pra cortar acido e gordura.

Vai a laranja e cachaça,

Já na primeira fervura.

Só o cheiro da fumaça,

Convida aquele que passa,

Pra vir a sua procura.

*

O cheiro é uma loucura,

Espalha-se no quarteirão.

E é porque dizem que ela,

É fruto da escravidão.

Se é só prova o oposto,

Que o negro tem bom gosto,

Em tudo e na refeição.

*

Mas aqui no meu sertão,

Quando o assunto é feijoada.

Tirando o feijão preto,

O resto é uma roubada.

E pra não guardar segredo,

Parece feijão azedo,

Ou comida estragada.

*

Das origens não têm nada,

Nem o modo do preparo.

Não sei se por não saberem,

Ou por ser um prato caro.

Tem a receita caseira,

Tudo coisa de terceira,

Até charque é um caso raro.

*

Por isso é que eu declaro,

Meu protesto e a receita.

Que pra mim é de mau gosto,

Indigestíva e mal feita.

Mas para quem não conhece,

Come que a garapa desce,

E ainda diz: tá perfeita.

*

Veja como ela é feita

E dê sua opinião.

Tem tripa, bucho e salsicha,

Toucinho em larga porção.

Sal pra aumentar a secura

E um palmo de gordura,

Bóia encima do feijão.

*

Pra mim é uma agressão,

Chamar isso feijoada.

Porque tirando o feijão,

E aquela água salgada.

O resto é resto do resto,

Com um cheiro indigesto

E o sabor de buchada.

*

Não tem cumbuca nem nada,

Serve em prato descartável.

Os talheres são de plástico,

Pequeno e desconfortável.

E a propaganda é fatal,

Pela apenas um real,

Num português lastimável.

*

E o mais desagradável,

Que chega a causar fadigas.

É que os restos que caem

No chão atraem formigas.

Também têm os cães e gatos,

Comendo os restos dos pratos,

Se têm os dois, tem as brigas.

*

Tirando essas intrigas,

Que acompanham a feijoada.

Têm os insetos que caem,

Da palhoça da latada.

E o peste do tamborete,

Que é duro igual um cacete,

E deixa a bunda quadrada.

*

Falta a cerveja gelada,

Para acalmar a secura.

Falta gelo e faltam copos

Ou os que têm só têm gordura.

As duas boas vantagens,

Não faltam camaradagens

E o povo não tem frescura.

*

Mesmo faltando à mistura,

Que engrossa o caldo da festa.

Tem sempre a musica ao vivo,

Que aqui chamam de seresta.

Depois que o nego enche a pança,

Pega a nega e cai na dança,

Que o suor pinga na testa.

*

Mas se você não atesta,

Tudo isso que eu citei.

Acha que meu senso é critico,

Mentiroso ou eu errei.

Peço desculpas, mas digo,

Antes de dar meu castigo,

Prove o que eu não aprovei.

*

D-as que eu participei,

A convite ou em festa.

M-esmo tentando gostar,

I-nda acho que não presta.

A não ser a musica ao vivo,

O-u como se diz: seresta.

*

Fim

23/10/2009

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 24/10/2009
Código do texto: T1884118
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