Zé Limeira em São Paulo.
Autor: Daniel Fiúza
05/07/2006
Zé limeira foi a São Paulo
Se largou lá do sertão
Para homenagear
O povo quatrocentão
Alterou seu calendário
Pra passar o aniversário
No meio da multidão.
Em cima do Minhocão
Passeava de jumento
Foi pra praça da República
Para vê um monumento
Na avenida Paulista
Acampou no mei da pista
Achando o transito lento.
Se invocou com céu cinzento
Logo quis mudar os planos
Quatrocentos e cinqüenta,
São Paulo tinha de anos
Desceu o Anhangabaú
Foi ali caçar tatu,
Mas perfurou foi dois canos.
Se desculpou nos enganos
Lá no Ibirapuera
Onde pegou o metrô
Foi bater na Anhangüera
No pico do Jaraguá,
Ele subiu pra olhar
A poluição que gera.
Desceu de lá uma fera
Foi pro horto Florestal
Em seguida pro Zoológico
Pra conhecer o chacal
Estranhou o elefante
Achou meio intrigante
dois rabos num animal.
Gostou mais da Catedral
ficou na praça da Sé
Em vez de andar de ônibus
Preferiu andar a pé
Foi matar sua saudade
No bairro da Liberdade
Tomou saquê com café.
Andou no Tatuapé
Que fica perto do Braz
Encostado na Ipiranga
Na loja do Pero Vaz
Viu Caeta’na São João
Com Anchieta e o Lobão,
Mais Nóbrega e o capataz.
Parou pra comer em paz
Lá no bairro do Bixiga
Uma buchada de bode
No gosto daquela antiga
Conheceu o Memorial
Da América de Cabral
lá encontrou uma amiga.
Na hora ele quase briga
No museu do Ipiranga
Que fica dentro do Masp
Numa plantação de manga
Dançou Saudosa Maloca
Na feira comeu pipoca
Ficou sem grana, na tanga.
Quando acabou sua zanga
Se despediu da cidade
Desejou pro Paulistano
Amor e felicidade
Deu parabéns para o povo
Falou que volta de novo
Na próxima eternidade.
Pra quem não conhece Zé Limeira. Ele foi o maior poeta surrealista do mundo. Um cordelista nordestino que inventou o cordel do absurdo.