NÃO LEVE A VIDA A SÉRIO, POIS DELA NINGUÉM SAIU VIVO.

Através de uma gozada

Nós viemos pra esta vida.

Sendo ela boa ou fodida

Um dia estará acabada.

Quando a morte é chegada

É sempre definitivo

Não faz qualquer distintivo

E muito menos mistério

Não leve a vida a sério

Pois dela ninguém saiu vivo.

Busque na vida ter paz

E muita felicidade

Porque em qualquer idade

A morte vai sempre atrás

Não há quem fuja jamais

Pois não há dispositivo

Pra que não seja efetivo

Seu passo pra o cemitério.

Não leve a vida a sério

Pois dela ninguém saiu vivo.

Mesmo sendo o cara rico,

Ou o homem mais poderoso,

Não lhe será generoso.

Alto, grande ou nanico,

Não pode dizer eu fico

Vivo em definitivo,

Pois sou dono dum império

Não leve a vida a sério

Pois dela ninguém saiu vivo.

Viva sempre no presente.

Nunca o que ficou atrás.

Futuro não saberás.

Por tudo isso não esquente

Podemos ir de repente

Tudo isso é compulsivo

E também muito efetivo

É pra qualquer hemisfério

Não leve a vida a sério,

Pois dela ninguém saiu vivo.

O homem pode prorrogá-la

Com toda sua tecnologia

Mas nunca terá a alegria

De não ir para uma vala

Pode estudar a cabala

O fim é definitivo

Dele não há fugitivo

Nisso não há vitupério

Não leve a vida a sério,

Pois dela ninguém saiu vivo.

Dizem que Matusalém

Viveu novecentos anos

Pode ter havido engano.

Mas foi para o além

Pois não esquece ninguém.

O fim não é compreensivo

E isto já é decisivo.

Está vivo, eis o critério.

Não leve a vida a sério,

Pois dela ninguém saiu vivo.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

FORTALEZA, OUTUBRO/2009