Destaque

Não dá para escapar

À escravidão das escalas

Tudo tende a se encaixar:

Lugar no pódio ou na vala

Basta às vezes um olhar

Pra identificar-se a área

Há quem chore o patamar

Que chegou até agora

Que odeie o seu lugar

O seu tempo e a sua hora

Em brancas nuvens que está

Com a vida indo embora

Mas pessoas são assim

Desempenham um papel

Se evidentemente o ruim

Provoca algum escarcéu

Mas quem pode usar marfim

Nem reconhece o seu céu

Resta então a aqueles seres

Pelos deuses desprezados

O consolo dos prazeres

De serem apreciados

De algum modo que eles

Mostrem algum predicado

Esse é o ponto sinistro

Da vida em sociedade

Mesmo que não goste disso

De aturar barbaridades

Você se cerca de lixo

E ainda engole a vaidade

Ironicamente faz

Reflexão sobre si

Questiona o que é capaz

O que pode produzir

E descobre que é um az

Naquilo que lhe fez rir

Se não tiver persistência;

O cinismo dos artistas,

Vai mostrar suas carências

E mudar suas premissas

E ficar assim propenso

A abandonar as conquistas

Do contrário, se insiste

No que não tem quem agüente

Está fadado a uma triste

Rejeição subseqüente

Só amigo é quem assiste

Seu delírio inconsciente

Incrível, mas encontramos

Até pra nossa surpresa

Coisas que nos destacamos

E que nos trazem a certeza

Do que enfim realizamos

Que não desperte estranheza

Afinal é de atenção

Que todos nós dependemos

O afago de um irmão

Que sempre conseguiremos

Notoriedade e chão

Para que nos afirmemos