Os olhos> Autor: Damião Metamorfose.

*

São as janelas da alma,

Os sentidos da visão.

É a eles que pedimos,

Um minuto de atenção.

Quando alguém nos vira as costas,

Os olhos nos dão respostas

De um sim, talvez ou um não.

*

Um olhar na multidão

E tudo pode mudar.

Por eles muitos se perdem

Ou podem se encontrar.

Quando os olhares se juntam,

Novos sentidos despontam,

Com novas formas de olhar.

*

Os olhos podem falar,

O que não pode se ouvir.

Mas que pode se entender,

Melhor dizendo: sentir.

Um olhar conquista e trai,

Convida expulsa ou atrai,

Ou chora em vez de sorrir.

*

Os olhos podem pedir,

Agradecer ou mandar.

Fazer campana sem trégua,

Se precisar vigiar.

Demonstrar algo inquieto,

Ou ficar calmo e quieto,

Na hora de descansar.

*

Podem sorrir ou chorar,

Ter alegria ou tristeza.

Ter raiva, rancor, cobiça,

Inveja, ódio e nobreza.

Ou como os de uma criança,

Que expressa a confiança,

A inocência e pureza.

*

Os olhos têm sutileza,

Em variedade mista.

Que desviam uma rota,

Orienta ou dar a pista.

Denunciam uma dor,

E brilham com o furor,

do amor á primeira vista.

*

Com olhos de um analista,

Eu tiro uma conclusão.

Separo o bem e o mal,

A razão e a emoção.

Aceitação e protesto

E com olhar indigesto,

Eu faço uma rejeição.

*

Os olhos de amor e paixão,

Deixam o mundo mais belo.

Tudo se torna possível,

Barraco vira castelo.

Mas sem paixão e amor,

O olhar fica sem cor,

Sombrio, opaco, amarelo.

*

Dois olhares em duelo,

São mistos de ira e fúria.

Falsidade e hipocrisia,

Desconfiança e penúria.

Cobranças sem fundamento,

Que aumentam o sofrimento,

Magoas tristeza e lamuria.

*

Olhos que pedem luxúria,

Que se encantam com olhares.

Hipnotizam e instigam,

Quando encontram os seus pares.

Olhos que ficam vermelhos,

Que se vêem nos espelhos

são vizinhos seculares.

*

Olhos dos pais exemplares,

Que amam os filhos seus.

Que dão amor e carinho,

Igual ou mais que os meus.

Aos olhos de quem tem fé,

Existem olhos até...

Que são incrédulos ateus.

*

Nada aos olhos de Deus,

Passará despercebido.

Nem mesmo os olhos dos cegos,

Que têm um sexto sentido.

Por ele serão julgados

E os que são perdoados,

Pelo mesmo é acolhido.

*

Aquele olhar sofrido,

Que vem dos olhos da fome.

Que faz do humano um bicho,

Que revira o lixo e come.

Que pede e ninguém atende,

Que mata rouba e até vende,

A alma e o próprio nome.

*

O olhar que se consome,

No meio da avenida.

Sem saber aonde ir,

Não encontrando a saída.

Longe dos olhos da sorte,

Perto dos olhos da morte,

Poe um fim na própria vida.

*

Aos olhos de um homicida,

Que mata para viver.

Ignora os olhos tristes,

que pedem pra não morrer.

Esses na minha visão,

Vivem na escuridão,

Têm... mais não consegue ver.

*

Mas os olhos do poder,

Aos mesmos dão alforria.

Se prende a justiça solta,

Em pouco mais que um dia.

E as vitimas pedem em coro,

Por dignidade e decoro,

Aos olhos da hipocrisia.

*

Aos olhos da poesia,

Ou aos olhos do poeta.

Usando os olhos da mente,

Abre os olhos e completa.

Que os olhos do leitor,

Julguem os olhos sem temor,

Pra ver se atingi a meta.-------------morfose

*

Fim

21/10/2009

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 21/10/2009
Código do texto: T1878431
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