O MANIFESTO DA POBREZA!
A minha incredulidade,
Era uma realidade,
O povo estava nas ruas.
Protestando pelas praças,
No afã que tem as massas
De cobrar as coisas suas.
Eram chefes de família,
Gente da periferia
Para brigar na cidade,
Por direitos adquiridos,
Direitos não exercidos
Por toda sociedade.
Só quem tinha privilégios,
Os filhos em bons colégios,
Não tinha o que reclamar.
Mas o chamado Zé povinho,
Aquele com o Saláriozinho
Que não dava pra comprar
Este estava no protesto.
Brigava no manifesto
Pelo centro da cidade.
Trabalhadores diversos,
Cobrando os insucessos,
Da nossa realidade.
As cidades decadentes,
Com seus perigos eminentes
Do chamado êxodo rural...
Cresciam sem planejamento,
E desordenado crescimento,
Com desigualdade social.
Era melhor dar esmola,
Que investir numa escola
Para formar o cidadão...
Formar a consciência,
Através da assistência,
Dar ao povo educação!
Pensavam a massa burra,
Digna de fumo, de curra!
De ser massa de manobra...
Que todo ladrão de Cartola,
Qualquer cheirador de Cola,
Pudesse administrar obra.
Empregando seus parentes,
Assistindo a seus doentes
Com os fins eleitoreiros...
Deixando desassistidos,
Os carentes desvalidos,
Reféns de politiqueiros
Que na assistência social
Abusam de forma criminal,
Dos direitos da população...
Desviando os recursos,
Fraudando custos, concursos,
Em desrespeito à constituição!
Que garantia ao cidadão
Saúde e educação
Segurança e moradia...
Que no fundo era ilusão
De um povo sem visão,
Vestido em fantasia!
Que entrega seu destino
Ao mais vil dos paladinos,
Que o engana com promessa...
Desde o tempo da colônia
De Pinzon na Amazônia,
A coisa assim se processa.
Mas fiquei boquiaberto!
Com aquele povo desperto,
Manifestando repúdio...
Em um protesto ordeiro,
Legítimo e verdadeiro
Contra aquele ato espúrio.
O povo arcando o ônus
De pagar por esse bônus,
Do trem da corrupção...
Quando o senhor deputado,
E o vil que foi pro Senado
Lesam os cofres da nação.
Superfaturando obras,
Embolsando nas manobras
Grandes somas de dinheiro...
Lesando o nosso erário
Com pecha de mercenário,
Com ajuda de doleiro.
Pra quem entrou, rapaz:
Uma mão na frente e atrás,
Sem conseguir explicar...
O enriquecimento ilícito,
Fruto do roubo explícito
De sua vida parlamentar.
Desviando da merenda
E também da bolsa-renda,
Da ponte, do viaduto...
Da construção de hospitais,
Das estradas vicinais,
E também do gasoduto!
Enquanto come caviar,
De avião, pode viajar.
O pobre vive pelejando...
Na merenda, rapadura
Com farinha seca pura,
E prefeitos enricando
Fraudando licitações
Desviando subvenções
Lesando o erário público,
E munidos de imunidade,
Vivem na ilegalidade
Para seu próprio júbilo!
E o povo mais carente
Na esperança crescente
De a coisa ir mudando...
Tentando uma resposta,
Quem sabe numa aposta
Que a coisa ta melhorando!
Mas a realidade dói,
E como moinho mói
O nosso sonho de vida...
Mostrando em nosso mundo,
Que só ladrão e vagabundo,
Aqui, tem contrapartida!
É preciso reagir à fraude,
E a toda ação de embalde,
Que venha do mau gestor...
Destruindo nossas cidades,
Atrasando as comunidades
Com mau administrador.
Atrasando os salários
De muitos funcionários
Públicos municipais...
De tantos aposentados,
Tantos anos dedicados
Aos anseios sociais.
É acabar com esse modelo
Da política do desmantelo;
Da falência dos poderes...
E mandar para cadeia,
Quem rouba a coisa alheia;
A quem não cumpre deveres!
De corrompido a corruptores,
Sejam todos esses fatores
Passíveis de punição...
Fazendo com que a justiça,
Não fique cega e omissa
Aos problemas da nação!
E foi esse manifesto
Sob forma de protesto
Entre faixas e cartazes...
Que o povo em passeata,
Saiu puxando carreata
Com seus instintos tenazes!
Exigindo mais respeito,
Compromisso; o direito;
Que se faça respeitar!
Que as instituições,
Não se dobrem a pressões,
Dos que querem enganar!
E foi nesse sonho bonito
Que acordei com o grito
Do meu filho a pedir pão...
Caí da cama assustado,
E vi que tinha sonhado;
Vi que era uma ilusão.
As dificuldades reais
Continuavam iguais
E eu, o mesmo Durango!
Sem grana para feira,
Pensando numa maneira
De descolar algum Mango!
O povo na mesma falência
Na sua enorme dependência
Baixando a cabeça, resignado,
Aceitando a canga do capital,
E também a esmola oficial
Que o governo dá desobrigado
De investir em educação,
No crescimento da nação,
E melhor qualidade de vida...
Para que o nosso povo
não descubra o novo,
de nação desenvolvida!
F I M...