CORDEL DO PRIMEIRO ENCONTRO...ou...MEU PRIMEIRO CORDEL

Pensava ter ficado no passado

O gosto de estar apaixonado

Dizer coisas que só enamorados

Falam à pessoa amada

A qualquer hora em qualquer lugar

Sem jamais se preocupar

Com a opinião de quem escutar.

Pensava que a solidão

Segurava minha mão

Me levando prá escuridão

De um quarto sem vida sem nada

Onde eu ficaria esquecido

Num mundo não escolhido

De saudade e de pranto sofrido.

Então numa manhã de repente

Sua voz soou diferente

Despertando uma vontade urgente

De substituir o telefonema diário

Por um dia face a face

Onde nenhuma palavra faltasse

Onde nenhum detalhe escapasse.

Você sugeriu um encontro

Na hora fiquei meio tonto

Relutei, não aceitei de pronto

Pois confesso sentia mêdo

Que por alguma razão

Ao invés da dôce atração

Presente estivesse a decepção.

Passado o primeiro impacto

Resolvi encarar o fato

Com você firmei um trato

Que na primeira oportunidade

Olhares em rostos pousariam

Nossas mãos se tocariam

Nossas vozes se encontrariam.

Marcamos entao um dia

E na semana que entraria

Tudo ou nada aconteceria

Acabando a expectativa

De como seria o outro

Se bastava um só encontro

Ou então se seria pouco.

Acertamos a hora e o lugar

Expliquei como chegar

Não tinha jeito de errar

Prá encontrar meu endereço

Fiz um mapa do trajeto

Mas no momento correto

Voce não parou, passou direto.

Num desespero incontido

Me liga contando o ocorrido

Pedindo conserto ao acontecido

Por sorte voce estava bem perto

E com nova orientação

Te ensinei a direção

Prá chegar ao meu portão.

O tempo que se seguiu

Parecia um caudaloso rio

Correndo horas a fio

Fazendo eu ficar ansioso

Pensando em como agir

Uma calma aparente fingir

Falar ou sómente sorrir.

Da porta te vejo chegando

Teu olhar me procurando

Meu coração disparando

E as palavras que preparei

Troquei pelo improviso

Achei que seria preciso

Só um "oi" e um sorriso.

Nós dois assim meio sem jeito

Sufocando a tensão no peito

Tentávamos explicar direito

Porque tudo se complicou

No momento da chegada

Que foi muito bem planejada

Com uma rota bem traçada.

Aos poucos nos acalmamos

O rumo da prosa mudamos

De outras coisas falamos

Quando menos percebemos

Do nada se fez presente

Aquele olhar envolvente

Chamando pelo beijo ardente.

Nossas bocas depressa obedeceram

Nossos corpos estremeceram

Ao chamado do amor atenderam

A impressão foi que o tempo parou

Como em sinal de respeito

Por esse momento perfeito

Que nós tínhamos direito.

Infelizmente chegava a hora

Voce precisava ir embora

Sem preâmbulos e sem demora

Já que a noite se aproximava

Sua casa ficava distante

Teria que andar bastante

Todo cuidado era importante.

Teus olhos procuraram os meus

Meus lábios beijaram os teus

Era até breve não era adeus

Do portão um último aceno

Anunciava a da dor da distância

Deixando em mim uma inconstância

E em meu quarto tua fragância.

Termino assim esse relato

Sem omitir nada do fato

Mas faço com todos um trato

Que num futuro não muito distante

Conto um novo acontecido

Num quarto bem escondido

Só escondo o que for proibido.

pctrindade
Enviado por pctrindade em 16/10/2009
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